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Mudança climática reduz preço de imóveis no litoral dos EUA

Jeremy Hill

11/07/2018 14h42

(Bloomberg) -- A vida à beira-mar já não tem o mesmo encanto que tinha antigamente. Ou será que simplesmente morar em qualquer outro lugar ficou caro demais?

Casas com acesso ao litoral custaram 36 por cento mais no primeiro trimestre de 2018, em comparação com uma diferença recorde de 54 por cento no segundo trimestre de 2012 e com a média de 41 por cento desde 1996, segundo um relatório divulgado na terça-feira pela Zillow.

Qual o motivo desse declínio? Segundo a Zillow, a culpa é "dos furacões catastróficos, da mudança climática, das mudanças de preferência das pessoas - ou da enorme recuperação das casas que não estão à beira-mar depois da crise imobiliária". Os preços das casas na orla se mantiveram bastante altos durante a crise, mas não retornaram aos picos registrados antes da recessão, como aconteceu com o restante do mercado.

Por isso, aquela casa no litoral do Pacífico ainda terá um prêmio, ainda que moderado, porque "o restante do mercado imobiliário está realmente forte e crescendo rapidamente", disse Sarah Mikhitarian, economista da Zillow, em uma entrevista.

As pessoas não estão dispostas a pagar mais apenas por um imóvel de frente para o oceano. O último relatório lista dados do prêmio médio de imóveis na beira de alguma massa de água nos EUA desde 1996. Dos 10 maiores, de Jacksonville, na Flórida, com um prêmio de 72 por cento, a Dallas, com 41 por cento, apenas três estão à beira-mar: Jacksonville, Baltimore e Seattle. Os restantes, além de Dallas, são Cleveland; Denver; Milwaukee; Sacramento, na Califórnia; Austin, no Texas; e Indianapolis.

Uma dica para os compradores: em oito desses 10 mercados com prêmio alto, ou os preços em geral estiveram mais baixos ou as casas de frente para a água estão em massas menores, como rios ou lagos.

A redução do prêmio dos imóveis litorâneos pode ter algo a ver com a ameaça do aumento do nível do mar. Um relatório de junho da Union of Concerned Scientists estima que casas em todos os EUA com um valor total de US$ 117,5 bilhões correm o risco de sofrer inundações maiores nos próximos 30 anos. O grupo também estimou riscos de curto prazo.

"Alguns compradores podem estar mais cautelosos em relação a quais casas eles consideram comprar", disse Mikhitarian. "Observamos essa repercussão, as pessoas estão preocupadas com o aumento do nível do mar e das tempestades."

A escassez pode ajudar a sustentar os preços. De todas as transações imobiliárias em um determinado ano, segundo a Zillow, apenas cerca de 0,4 por cento a 0,6 por cento envolvem casas na beira da água.