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Copa festiva da Rússia dá alegria momentânea a varejo local

Olga Tanas

12/07/2018 12h13

(Bloomberg) -- O clima de festa que tem caracterizado a Copa do Mundo na Rússia está animando varejistas, restaurantes e bares já que os torcedores dão um impulso aos gastos de consumo.

Redes de supermercados, lojas de eletrônicos e restaurantes relatam um aumento nas vendas e no tráfego de clientes, porque o evento esportivo mais assistido do mundo estimula a demanda por bebidas, alimentos e TVs. O fluxo de visitantes estrangeiros e domésticos na Rússia poderia dar "um impulso substancial" aos gastos de consumo, segundo um relatório do Bank of America.

O presidente Vladimir Putin gastou US$ 11 bilhões em preparativos e a Rússia foi muito elogiada por organizar com eficiência sua Copa do Mundo, que atraiu centenas de milhares de visitantes. O desempenho da seleção russa, que, contrariando as expectativas, chegou às quartas de final, também provocou grande empolgação entre os torcedores locais.

Muitos torcedores estrangeiros comentaram sobre a recepção calorosa que receberam, o que contribuiu para a atmosfera festiva nas 11 cidades onde os jogos foram disputados, como Moscou, Kaliningrado no oeste, Volgogrado no sul e Ecaterimburgo nos Urais.

"As vendas durante os dias de jogos são quatro vezes maiores do que em uma noite comum de fim de semana e praticamente se resumem à cerveja", disse Doug Steele, um canadense cujo bar e churrascaria Papa fica na rua Nikolskaya, em Moscou, que se tornou o epicentro não oficial das comemorações dos torcedores durante a Copa, que dura um mês. "É um caos absoluto."

Aumento de gastos

A Copa do Mundo pode impulsionar os gastos relacionados a eventos na Rússia em até US$ 5 bilhões em junho e julho em áreas "como vendas no varejo, serviços pagos, incluindo internet, tráfego móvel e viagens domésticas", disse Vladimir Osakovskiy, economista do Bank of America, em uma nota enviada por e-mail. Embora tenha um efeito global "relativamente pequeno" sobre a economia da Rússia, o "impacto positivo total da Copa do Mundo" pode ser de cerca de 1 ponto percentual do produto interno bruto mensal dividido entre o segundo e o terceiro trimestres, disse ele.

É um estímulo bem-vindo para uma economia que está lutando para recuperar o ímpeto depois de ter saído, no ano passado, da recessão mais longa deste século. Embora a demanda do consumidor seja o principal motor da expansão, o ritmo de crescimento das vendas no varejo continua mais fraco do que antes da crise. Foi registrada uma média de 2,4 por cento nos primeiros cinco meses de 2018 e provavelmente uma expansão de 2,5 por cento em junho em relação ao ano anterior, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg.

Mesmo assim, a febre da Copa do Mundo pode diminuir rapidamente quando o campeonato terminar, no domingo. Entre os países que organizaram as três Copas do Mundo anteriores, apenas a África do Sul registrou um crescimento significativo no consumo após o torneio, enquanto as vendas do varejo caíram na Alemanha.

Um indicador que monitora as indústrias de serviços russas, dos restaurantes às telecomunicações, também caiu de 54,1 para 52,3 no mês passado. "Apesar do início da Copa do Mundo, a atividade empresarial no setor de serviços da Rússia se expandiu a um ritmo modesto em junho", disse Sian Jones, economista da IHS Markit, que compila a pesquisa.

--Com a colaboração de Jake Rudnitsky.