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Cai uso do bitcoin no comércio apesar da volatilidade menor

Olga Kharif

01/08/2018 15h27

(Bloomberg) -- Quem usa o bitcoin para comprar e vender bens e serviços?

Muito menos gente do que você provavelmente pensou. Após atingir um pico de US$ 411 milhões em setembro, o montante em dinheiro que os 17 maiores serviços de processamento de transações com criptomoedas receberam na mais famosa das moedas digitais está em constante queda e atingiu uma baixa recente de US$ 60 milhões em maio, segundo pesquisa realizada pela startup Chainalysis para a Bloomberg News.

O total recebido por serviços de processamento de transações como BitPay, Coinify e GoCoin teve leve aumento em junho, para US$ 69 milhões, ainda assim muito distante dos US$ 270 milhões registrados há um ano, concluiu a Chainalysis.

Os defensores do bitcoin sugerem há tempos que o dinheiro virtual um dia substituirá as moedas fiduciárias como meio de fazer negócio, mas após o aumento do uso no outono (Hemisfério Norte) passado, a criptomoeda perdeu o pouco apelo que tinha como meio para a aquisição de bens e serviços.

"É inútil na prática", disse Nicholas Weaver, pesquisador sênior do Instituto Internacional de Ciência da Computação, por e-mail. Muitas vezes, disse, "o custo líquido de uma transação com bitcoin é muito maior que o de uma transação com cartão de crédito". E transações em bitcoin não podem ser revertidas, o que configura um problema quando um comerciante ou consumidor se depara com uma fraude.

O declínio no uso em pagamentos coincidiu com a disparada dos investimentos especulativos, que levou o preço da maior moeda virtual a uma alta recorde de quase US$ 20.000 em dezembro. Apesar de o preço do bitcoin ter se estabilizado um pouco nos últimos tempos após a queda de mais de 50 por cento, os consumidores ainda parecem relutar em usar as moedas digitais para transações.

"Quando o preço subia rapidamente, como no ano passado, era possível perder US$ 1.000 em um dia por gastar a moeda", disse Kim Grauer, economista sênior da Chainalysis, em entrevista por telefone. Além disso, devido às comissões elevadas cobradas pelas transações, a compra de itens baratos com bitcoin, como um café, é impraticável, disse.

Em janeiro, o serviço de pagamentos Stripe deixou de operar com bitcoin devido à queda do uso e à intensificação das oscilações de preço. Diversas empresas, como a provedora de serviços de viagens Expedia, também deixaram de aceitar a criptomoeda.

Trata-se de um sinal preocupante para alguns investidores importantes, que acreditam que a criptomoeda precisa ser usada no mundo real em vez de servir apenas como instrumento especulativo para reserva de valor a longo prazo.

"A maioria das pessoas que não são extremistas em relação ao bitcoin argumenta que sim, que é preciso que as pessoas usem a moeda como meio de pagamento para que se transforme em dinheiro", disse Kyle Samani, sócio-gerente do fundo de hedge Multicoin Capital, com sede em Austin, no Texas, por e-mail. "Como gosta de dizer o cofundador da minha empresa, Tushar, não pense no dinheiro como um substantivo, mas como um adjetivo. Quanto mais uma coisa é usada como dinheiro, mais 'qualidade de dinheiro' ela tem."