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Grandes marcas dos EUA temem próxima etapa da guerra comercial

Matthew Townsend

20/08/2018 15h55

(Bloomberg) -- Seria compreensível que os diretores de corporações dos EUA não concordem com as alegações do presidente Donald Trump de que é "fácil ganhar" uma guerra comercial. Bastaria que eles reflitam sobre os mecanismos acionados pela China com o objetivo de prejudicar empresas sul-coreanas no ano passado para imaginar um boicote organizado pelo Estado contra a Starbucks ou o fechamento de fábricas da Nike.

A China promete retaliação contra todas as tarifas impostas pelos EUA, mas não anunciou uma resposta à proposta de Trump de impor tarifas a outros US$ 200 bilhões em importações chinesas no mês que vem. Como o número supera o valor de todas as exportações dos EUA para a China, o país asiático precisará de mais do que tarifas equivalentes para revidar.

Se a China empregar uma estratégia semelhante à usada quando seu vizinho instalou um sistema de defesa antimíssil - fechar lojas e fábricas pertencentes a empresas sul-coreanas e estimular boicotes -, uma enorme quantidade de marcas dos EUA poderia pagar caro. Isso porque a China é tanto um fornecedor essencial quanto o maior mercado em crescimento para muitas empresas dos EUA.

A seguir, algumas das marcas que têm muito a perder:

Nike

Apenas no ano passado, a China mostrou que não tinha medo de cutucar a Nike quando um programa exibido pela televisão estatal criticou a empresa por fazer propaganda enganosa. Isso é preocupante para a maior marca esportiva do mundo, porque o crescimento consistente na China estabilizou a Nike enquanto a companhia lutava para se defender da concorrência nos EUA. A receita na China aumentou 21 por cento nos últimos 12 meses, para US$ 5,13 bilhões, e chegou a 14 por cento das vendas totais da Nike. Enquanto isso, a receita na América do Norte caiu cerca de 2 por cento. Além disso, a China também é um grande fornecedor, porque produz cerca de um quinto de seus produtos.

Starbucks

A rede de cafeterias considera que os EUA e a China são seus dois principais mercados. No ano passado, a China foi "um destaque", com crescimento de vendas de 7 por cento nas mesmas lojas, disse o CEO Kevin Johnson. A Starbucks espera que essa força continue e tem um plano de expansão acelerada que adicionará 600 cafeterias por ano até chegar a 6.000 em 2022. Mas já há sinais de fraqueza no país, porque as vendas nas lojas existentes caíram 2 por cento no último trimestre.

Coca-Cola

Embora a China seja um dos maiores mercados da empresa de bebidas, a Coca-Cola reduziu recentemente a exposição lá ao vender suas operações de engarrafamento. A companhia não destrincha as vendas do país, mas tem afirmado que a China é um de seus melhores mercados em crescimento. Durante muitos anos, a marca Sprite, pertencente à Coca-Cola, esteve entre as primeiras na China.

Mattel

A fabricante de brinquedos está querendo que a China ajude a revigorar seu crescimento e até fez uma parceria com a gigante do comércio eletrônico Alibaba Group Holding no ano passado. Recentemente, também chegou a um acordo para abrir centros de aprendizagem no país com um parceiro local que integrará suas marcas, incluindo a Fisher-Price, no currículo. A Mattel, que também fabrica as bonecas Barbie e American Girl, anunciou no ano passado que seus negócios na China poderiam quadruplicar até 2020.

--Com a colaboração de Leslie Patton, Bruce Einhorn e Sohee Kim.