Experiência da Nestlé no Japão pode criar negócio de US$ 1 bi
(Bloomberg) -- A unidade da Nestlé no Japão estima que uma nova divisão que vende bebidas nutritivas e suplementos para consumidores idosos crescerá até se transformar em um negócio de quase US$ 1 bilhão em até dez anos, agora que a gigante de alimentos se tornou a mais recente em empregar genética para comercializar alimentos.
A maior empresa de alimentos do mundo registra uma demanda crescente por um programa de assinatura para nutrição no Japão que pode custar cerca de US$ 600 por ano e oferece cápsulas e outros produtos. Os consumidores enviam fotos de seus pratos de comida por meio de um aplicativo de chat para smartphones e a inteligência artificial do programa os aconselha a complementar a refeição com os chás verdes e produtos lácteos com nutrientes reforçados da Nestlé. Eles também podem melhorar os conselhos usando testes de DNA e amostras de sangue.
Kozo Takaoka, diretor da Nestlé no Japão, espera que o programa seja mais uma maneira de a maior empresa de alimentos do mundo adotar opções mais saudáveis e se afastar ainda mais dos alimentos processados e dos petiscos açucarados, disse o executivo em entrevista de Tóquio.
A Nestlé registrou um total de vendas de 1,75 bilhão de francos (US$ 1,8 bilhão) no ano passado no Japão. Em seu escritório em Tóquio, Takaoka -- responsável por popularizar o KitKat como um produto premium local -- falou sobre a entrada da gigante dos alimentos nos segmentos de nutrição e saúde. O trecho a seguir foi traduzido, editado e condensado.
P: O Japão é um mercado de teste para a entrada da Nestlé nos segmentos de nutrição e bem-estar?
"Em todo o mundo, os problemas de saúde associados à alimentação e à nutrição tornaram-se um grande problema, e a Nestlé precisa abordar isso a nível mundial e torná-lo nossa missão no século 21. Nesse sentido, o Japão pode se tornar um país modelo para os mercados desenvolvidos da Nestlé porque temos uma sociedade envelhecida e uma população cada vez menor."
P: A Nestlé está analisando algum acordo no setor de saúde nutricional ou acordos que possam reforçar o programa de bem-estar no Japão?
"Há uma grande chance de fazer um acordo, criar uma joint venture ou fazer parceria com outras empresas para ampliar esse segmento. Como a tecnologia já transformou grande parte das nossas vidas, empresas com as quais não competíamos no passado agora se tornaram nossas concorrentes. Temos que pensar fora do escopo da indústria alimentícia também."
P: Existe alguma evidência científica de que o uso da genética para fazer escolhas nutricionais possa prevenir doenças?
"Existe muita evidência. Precisamos administrar cuidadosamente o que ingerimos. Há muitas doenças provocadas por uma deficiência de certos nutrientes. Podemos estar ingerindo nutrientes suficientes, mas eles podem não permanecer no corpo por causa do estresse ou por outros motivos. É por isso que usamos os testes de sangue e de DNA para entender um pouco melhor até mesmo pequenas coisas sobre a nossa saúde. Claro, nunca vai ser 100 por cento certo, mas é melhor do que não saber nada."
--Com a colaboração de Corinne Gretler.
Repórteres da matéria original: Lisa Du em Nova York, ldu31@bloomberg.net;Maiko Takahashi em Tóquio, mtakahashi61@bloomberg.net
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