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Icem as velas! Armadores usam vento para reduzir emissões de CO2

Ellen Milligan

31/08/2018 14h51

(Bloomberg) -- Içar a vela principal -- que parece um tubo vertical gigante -- e ligar uma bateria do tamanho de um ônibus pequeno: os armadores estão tentando abordagens novas e audaciosas para melhorar o desempenho ambiental em um contexto de crescente pressão regulatória.

A Maersk Tankers está testando duas velas de rotor de quase 30 metros de altura em um de seus navios de transporte de combustível e a norueguesa Golden Energy Offshore Services anunciou nesta semana que encomendou dois sistemas de armazenamento de energia a bateria da Rolls-Royce Holdings para seus navios.

Os armadores, responsáveis por transportar cerca de 90 por cento do comércio mundial, precisam reduzir pela metade as emissões de carbono até 2050. Esse objetivo coloca muita pressão para encontrar inovações bem-sucedidas porque há sinais de que a taxa de melhoria do desempenho ambiental do setor pode estar começando a desacelerar.

Os testes de velas mecânicas, que usam o vento para substituir até 20 por cento da potência de propulsão de navios offshore, têm sido bem-sucedidos até agora, disse Tuomas Riski, CEO da Norsepower Oy, que fornece as velas do empreendimento com a Maersk. Os outros parceiros do projeto são o Energy Technologies Institute e a Shell Shipping & Maritime. As velas reduzem comprovadamente 6,8 por cento das emissões dos navios offshore e o objetivo é que a reduções cheguem a 10 por cento.

O sistema Rolls-Royce adiciona um gerador a bateria, que pode operar sozinho por horas a fio, se navegando a baixa velocidade, a um motor principal a diesel. A bateria também pode ser usada como motor de reserva durante um período mais curto em caso de emergência.

Inovação

Depois que uma disparada dos preços do petróleo em meados da década passada estimulou inovações para otimizar o desempenho de navios e motores, há sinais de que esses avanços estão começando a atingir o auge.

A média de emissões de dióxido de carbono por contêiner por quilômetro para as rotas globais de transporte oceânico foram reduzidas em 1 por cento entre 2016 e 2017, segundo um estudo publicado neste mês pelo Clean Cargo Working Group. Desde que o grupo começou a divulgar dados do setor em 2009, as emissões por contêiner por quilômetro caíram 37 por cento em média.

O comércio marítimo vem se expandindo constantemente há décadas, assim como as distâncias que os navios devem percorrer para fazer as entregas. Os envios chegarão a 11,95 bilhões de toneladas de carga neste ano, 38 por cento a mais do que em 2008, segundo dados da Clarkson Research Services, parte da maior corretora de navios do mundo. As milhas por tonelada, ou seja, o volume de carga multiplicado pela distância percorrida, aumentaram 43 por cento, para 59,28 trilhões no mesmo período.

"Para o setor, este é um passo significativo na direção certa", disse o CEO da Golden Energy, Per Ivar Fagervoll, sobre os sistemas a bateria. Sua empresa estuda a possibilidade de que mais de seus navios usem os sistemas.

--Com a colaboração de Alaric Nightingale, Stephen Voss, Thomas Hall e Christian Wienberg.