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Apple acata demandas da China com novos modelos de iPhone

Bloomberg News

13/09/2018 10h05

(Bloomberg) — Os mais novos modelos de iPhone da Apple mostram que até mesmo a maior empresa do mundo precisa ceder aos ditames do mercado chinês, que é crucial.

Os modelos iPhone Xs divulgados na quarta-feira vêm com o recurso "eSIM", que admite dois serviços de celular e troca mais fácil entre operadoras, mas essa tecnologia não estará disponível na China, em Hong Kong nem em Macau. Em vez disso, os aparelhos terão slots para dois cartões SIM físicos, que identificam e autenticam o número de telefone de um usuário.

É raro a Apple adaptar seus produtos para mercados específicos, porque a empresa prefere padronizar seus designs o máximo possível para que o processo de fabricação seja eficiente. No entanto, a empresa dos EUA tem muito em jogo na China, que é seu maior mercado depois dos EUA e também é a principal base de produção mundial do iPhone e do iPad. Sua posição de mercado nesse país está sendo atacada por nomes nacionais experientes, como Huawei Technologies e Xiaomi, que empregam serviços mais orientados às preferências locais.

"O uso do eSIMs permitirá que os clientes troquem de operadora muito mais facilmente, mas as operadoras chinesas não querem isso", disse James Yan, analista da Counterpoint Research. "Além disso, as negociações entre a Apple e as operadoras ainda não estão concluídas, por isso os cartões físicos são uma opção melhor."

A concessão aos dois cartões SIM evidencia que a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo está disposta a fazer sacrifícios para ter acesso ao maior mercado de smartphones e de internet do mundo. A Apple gerou US$ 45 bilhões em receita na Grande China em seu ano fiscal de 2017, cerca de 20 por cento do total das vendas anuais.

A Apple não explicou por que sua tecnologia eSIM não está disponível no país, e uma porta-voz não respondeu a pedidos de comentários enviados por e-mail. Pode haver relação com restrições ou regulamentos do mercado chinês.

O mercado de smartphones é completamente dominado por um trio de operadoras estatais, liderado pela China Mobile, que controla e monitora estritamente o uso de smartphones e o registro de indivíduos - apenas um aspecto da obsessão de Pequim em monitorar todas as atividades na internet.

No ano passado, o Wall Street Journal informou que as operadoras de telefonia móvel desativaram repentinamente o acesso celular à terceira geração do Watch, da Apple, para novos usuários. O Watch tem uma tecnologia eSIM própria, e analistas do setor disseram ao jornal que isso pode ter dificultado que operadoras e órgãos reguladores monitorem a identidade do usuário do dispositivo.

A Apple já havia feito concessões anteriormente para cumprir a lei chinesa e apoiar seus negócios. Em 2016, Pequim ordenou que a empresa fechasse a iBooks Store e o iTunes Movies. No ano passado, a Apple recebeu a ordem de eliminar de sua loja chinesa centenas de aplicativos que permitem que as pessoas ocultem a própria localização e contornem as iniciativas oficiais que bloqueiam o acesso a determinados sites.

A Apple também concordou em transferir o armazenamento de dados de usuários chineses dos serviços iCloud da Apple para áreas de servidores operadas pela Guizhou Cloud Big Data, uma empresa ligada ao governo chinês.

To contact Bloomberg News staff for this story: Alistair Barr em San Francisco, abarr18@bloomberg.net;Gao Yuan em Pequim, ygao199@bloomberg.net