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China defende pesquisa sem fronteiras para desenvolvimento de IA

Bloomberg News

17/09/2018 15h01

(Bloomberg) -- Há pouco mais de um ano, a China lançou um plano agressivo para se tornar líder mundial em inteligência artificial. Mas com sua dependência tecnológica dos EUA revelada, agora o país está promovendo uma abordagem mais suave e defende que todas as nações se unam pelo desenvolvimento da tecnologia.

Líderes chineses como o vice-premiê Liu He se uniram ao magnata dos negócios Jack Ma e a executivos do Google na Conferência Mundial de Inteligência Artificial, em Xangai, para apoiar uma abordagem sem fronteiras para a pesquisa sobre IA. Ele defendeu investimentos estrangeiros no país e prometeu fomentar "um ambiente de pensamento livre" para respaldar o desenvolvimento.

O tom usado por He é bastante diferente do plano agressivo revelado pelo Conselho de Estado no ano passado com o objetivo de transformar a China em líder mundial em IA até 2030, em parte por meio do apoio do governo. Apesar da falta de detalhes nos comentários de He, a abordagem mais suave surge após o enfraquecimento da ZTE, que tem sede em Shenzhen, por penalidades dos EUA e em meio à escalada das tensões comerciais entre os países.

"Esperamos que todos os países, como membros da aldeia global, sejam inclusivos e apoiem uns aos outros para que possamos responder aos efeitos das novas tecnologias, que são uma faca de dois gumes", disse aos participantes, por meio de intérprete. "A IA representa uma nova era. É inevitável que haja uma cooperação transnacional e interdisciplinar."

Os comentários fizeram coro às declarações do presidente Xi Jinping, em carta à conferência, de que a China está disposta a dividir os benefícios da IA com outros países.

Várias empresas dos EUA aproveitaram a cúpula para demonstrar sua dedicação em prol do desenvolvimento da IA na China. A Microsoft Research Asia e a Amazon Web Services anunciaram novos laboratórios em Xangai, e Jay Yagnik, do Google, exibiu slides sobre as atividades de IA da empresa no país. O gigante das buscas on-line, uma unidade da Alphabet, é um dos principais patrocinadores do evento.

O CEO do Google, Sundar Pichai, foi convidado para a conferência, mas preferiu não participar. O centro de pesquisa da empresa em Pequim e seus planos de lançar mecanismos de busca na China em conformidade com as leis de censura do país enfrentaram fortes reações no Congresso dos EUA.

Alguns dos comentários mais impactantes da cúpula foram feitos pelos líderes das duas maiores empresas de tecnologia da China. Ma Huateng, presidente da Tencent Holdings, citou o lançamento de centros de pesquisa chineses do Google como prova de que o país precisava de uma abordagem global para a IA.

Jack Ma, presidente da Alibaba, disse que as regras, os sistemas e a forma de pensar da China precisam ser reformulados, inclusive a maneira com que indústrias e órgãos reguladores se adaptam à tecnologia.

"Os governos não deveriam se preocupar em pensar se o setor de táxis deve ser substituído", disse Ma, da Alibaba. "Os governos devem observar se a segurança nas ruas é boa e se as pessoas morrerão em acidentes de trânsito. A substituição de um setor por outro deve ser determinada pelo mercado."

--Com a colaboração de Mark Bergen.

To contact Bloomberg News staff for this story: David Ramli em Pequim, dramli1@bloomberg.net