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Avião movido a bateria é projetado para 2019 após teste de motor

Natasha Rausch

27/09/2018 15h20

(Bloomberg) -- Uma startup que está fabricando motores elétricos para aviões ficou mais perto de colocar uma aeronave movida a bateria no ar já no ano que vem.

A MagniX anunciou na quinta-feira o teste de solo bem-sucedido de um motor totalmente elétrico de 350 cavalos de potência, forte o suficiente para mover um avião pequeno com capacidade para transportar nove passageiros de Seattle a Portland. O motor foi anexado à seção do nariz de um equipamento de teste do turboélice Cessna.

A empresa deverá testar o motor em voo no segundo semestre do ano que vem, disse o CEO Roei Ganzarski. Em 2022, segundo ele, o motor estará pronto para fazer funcionar pequenos aviões comerciais que voarão até 800 quilômetros, aproximadamente a distância de Nova York a Detroit. Até 2024, será possível realizar voos de até 1.600 quilômetros, disse.

O teste realizado pela MagniX, que tem sede em Redmond, Washington, a coloca dentro de um grupo de empresas aeroespaciais que estão correndo para aplicar os avanços da indústria automotiva à tecnologia de baterias com a esperança de reduzir os custos de combustível e as emissões. A Zunum Aero, financiada pela Boeing, está desenvolvendo uma aeronave híbrida elétrica de 12 assentos que deverá ser lançada nos próximos quatro anos. Airbus, Siemens e Rolls-Royce uniram forças para desenvolver um avião similar. Já a startup israelense Eviation aposta em um produto 100 por cento elétrico.

"Estamos assumindo uma postura semelhante à da Tesla quando começou", disse Ganzarski, em entrevista, em referência à fabricante de carros elétricos comandada por Elon Musk. Os primeiros carros totalmente elétricos inicialmente podiam fazer apenas viagens curtas, mas agora as baterias duram centenas de quilômetros, disse. "O caminho certo é completamente elétrico, porque não queremos combustível e não queremos emissões."

Gargalo de baterias

A aviação elétrica e híbrida enfrenta muitos obstáculos, sendo o maior deles a tecnologia de baterias, disse o consultor Robert Mann. Provavelmente serão necessárias mais duas décadas para que as baterias tenham a capacidade de alimentar aviões como o Boeing 737 e o Airbus A380, disse. A adoção da energia elétrica pela aviação provavelmente seguirá um caminho semelhante ao da indústria automotiva, em que carros híbridos como o Toyota Prius chegaram ao mercado uma década antes dos carros da Tesla, que são completamente elétricos.

"Não há infraestrutura de recarga. Não há infraestrutura de ciclo de bateria, e existe a questão da preocupação com a autonomia", disse Mann. "A primeira questão é: consigo chegar lá? E se não conseguir, o híbrido contorna isso."

No teste, o motor MagniX alcançou a potência e o torque esperados. Além disso, ficou dentro dos níveis aceitáveis de vibração e não esquentou demais, informou a empresa.

As aeronaves representam 12 por cento das emissões de gases causadores do efeito estufa dos transportes nos EUA e 3 por cento das emissões gerais, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Quase metade dos voos tem menos de 1.600 quilômetros de autonomia, disse Ganzarski.