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Pimco reforça aposta no Brasil com favoritismo de Bolsonaro

Ben Bartenstein

18/10/2018 10h55

(Bloomberg) -- A ascensão do presidenciável Jair Bolsonaro aumentou a confiança que uma das maiores gestoras de renda fixa do mundo deposita no Brasil.

A Pacific Investment Management Co. (Pimco) ampliou sua posição em dívida externa brasileira em 172 por cento nos últimos meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. O período coincide com a transformação dele de parlamentar sem grande expressão a favorito no segundo turno, em 28 de outubro.

O otimismo de firmas de investimento como a Pimco está por trás da disparada dos ativos brasileiros nas últimas semanas, com base na promessa de Bolsonaro de tirar o País da pior recessão da história por meio de uma agenda favorável ao setor privado elaborada por Paulo Guedes (formado na tradicional Universidade de Chicago) e apoiada pelos aliados no Congresso. O plano inclui reforma da previdência, corte de impostos e privatização de estatais.

"O mercado rapidamente passou a precificar um cenário positivo", disse Gene Frieda, estrategista global da Pimco em Londres. "O desempenho melhor que o esperado do partido dele nas eleições ao Congresso aumenta a chance de formação de uma coalizão disposta a aprovar reformas importantes."

Nem todos os investidores demonstram tanta confiança em Bolsonaro, que, nas pesquisas de intenção de voto tem vantagem de dois dígitos sobre Fernando Haddad a menos de duas semanas da votação. Goldman Sachs Group e BlackRock, por exemplo, reduziram posições em títulos da dívida externa brasileira, segundo dados compilados pela Bloomberg que capturam 23 por cento da dívida vigente. O próprio Frieda, da Pimco, expressou dúvidas."As mesmas velhas perguntas se aplicam: Até que ponto ele está comprometido com a agenda liberal do provável ministro da Fazenda?", colocou o estrategista. "E será que ele e a bancada terão habilidade para conduzir as reformas no Congresso?"

Sam Finkelstein, codiretor de investimentos da área de renda fixa da GoldmanSachs Asset Management, que administra US$ 800 bilhões, explica que, embora Bolsonaro pareça genuinamente desejar as reformas econômicas, a tarefa não será fácil. Um importante fator desestabilizador seria uma mudança na equipe econômica - e há sinais de que Bolsonaro e Guedes nem sempre têm as mesmas opiniões.

"Os mercados andam pressionados há um bom tempo", ele disse. "Há oportunidades positivas se o próximo governo der apoio às reformas."

A BlackRock não comentou o impacto da eleição sobre suas posições.

A estratégia de Bolsonaro não está detalhada e depende de Guedes, mas os ativos brasileiros podem se valorizar nos próximos meses se ele evitar responder perguntas específicas sobre seus planos, acredita Monica de Bolle, diretora do programa de estudos avançados sobre América Latina e mercados emergentes da Universidade Johns Hopkins, em Washington."A melhor estratégia dele é não dizer nada e deixar os mercados fantasiarem", disse ela.