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Reino Unido precisa de gigafábrica de baterias para carros

Mathew Carr e Anna Hirtenstein

19/10/2018 15h22

(Bloomberg) -- O Reino Unido precisa agir rapidamente para atrair uma gigafábrica de baterias já que há muita concorrência por esse tipo de investimento com base em energia limpa.

O país, que é o quarto maior fabricante de veículos da Europa, poderia aproveitar sua indústria da Fórmula 1 e suas universidades de primeira linha para atrair uma instalação de grande porte a fim de abastecer fabricantes como Jaguar Land Rover, da Tata Motors, disse Neil Morris, CEO da Faraday Institution, que financia pesquisas para o governo britânico. Isso poderia dar ao país uma vantagem em relação a rivais do leste da União Europeia e à China.

"Provavelmente a oferta de baterias restringirá a adoção de veículos elétricos tanto quanto o apetite do público por eles", disse Morris na quinta-feira em entrevista de Londres. "Hoje, as fabricantes de carros estão decidindo como será sua frota daqui a alguns anos. Em grande parte, ela vai ser elétrica, portanto as fabricantes precisam garantir o fornecimento de baterias agora - há uma sensação de urgência."

Uma gigafábrica é uma instalação com uma capacidade mínima de fabricação de baterias de um gigawatt-hora, o bastante para cerca de 20.000 carros elétricos. Há um ano, o governo britânico criou um programa de 246 milhões de libras esterlinas (US$ 320 milhões) para tirar proveito da percepção de força do país no desenvolvimento de tecnologias para baterias. A meta é fortalecer a economia e, em particular, o setor automotivo em um momento em que o Reino Unido está prestes a sair da União Europeia e que tem substituído usinas antigas de carvão e nucleares.

O país enfrentará uma concorrência acirrada da Europa Oriental e da China, a maior produtora mundial de veículos elétricos, disse Morris. A saída do Reino Unido da UE poderia abalar as perspectivas do país, porque é menos provável que as fabricantes queiram construir instalações em um país fora do bloco comercial.

O verdadeiro obstáculo na Europa tem sido a concorrência contra células chinesas baratas, de acordo com James Frith, analista da Bloomberg NEF. No terceiro trimestre na China, as vendas de veículos com motores de combustão interna caíram, ao passo que as de veículos elétricos aumentaram. No entanto, à medida que o setor de veículos elétricos cresce, surge a necessidade de um setor localizado de baterias na Europa.

Há muito em jogo. Se fabricantes de baterias não se instalarem no Reino Unido, "existe uma possibilidade razoável de a fabricação de veículos se mudar para outro lugar - a fabricação de baterias e a montagem de carros ficarão perto uma da outra", disse Morris.

A BNEF projeta que a demanda por baterias na Europa ultrapassará 25 gigawatts-hora até 2020 e aumentará para mais de 100 gigawatts-hora até 2025, portanto certamente há espaço para mais de uma fabricante.

"Isso restringe à concorrência um pouco a outros países europeus e dá muito mais chances ao Reino Unido", disse Frith. "Afinal, um dos fatores determinantes provavelmente será o nível dos subsídios que o governo estiver disposto a conceder."

--Com a colaboração de Jack Farchy.

Repórteres da matéria original: Mathew Carr em London, m.carr@bloomberg.net;Anna Hirtenstein em Londres, ahirtenstein@bloomberg.net