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Sudeste Asiático tem boom de investimentos por guerra comercial

Karl Lester M. Yap

22/10/2018 11h54

(Bloomberg) -- O Sudeste Asiático está vendo um boom no investimento estrangeiro direto (IED) em um momento em que a intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China leva as empresas a transferirem produção para a região.

O Vietnã viu as entradas de recursos do setor de manufatura subirem 18 por cento nos nove primeiros meses de 2018 impulsionados por investimentos como um projeto de US$ 1,2 bilhão da sul-coreana Hyosung para a produção de polipropileno, segundo nota do Maybank Kim Eng Research desta segunda-feira.

De janeiro a julho, o IED líquido da Tailândia aumentou 53 por cento em relação ao ano anterior, para US$ 7,6 bilhões, sendo que as entradas de recursos do setor de manufatura quase quintuplicaram, segundo dados do banco central. Nas Filipinas, o IED líquido em manufatura subiu para US$ 861 milhões no mesmo período, contra US$ 144 milhões um ano antes.

"A guerra comercial EUA-China pode estar convencendo mais empresas a se instalarem no Sudeste Asiático para driblar as tarifas", disseram Chua Hak Bin e Lee Ju Ye, economistas do Maybank, na nota. "Setores como o de produtos de consumo, o industrial, o de hardware de tecnologia e telecomunicações, o automotivo e o químico demonstraram interesse no Sudeste Asiático."

O Sudeste Asiático está descobrindo uma certa vantagem na guerra comercial porque a região se transforma em base alternativa para as empresas realocarem produção da China para evitar impostos. Cerca de um terço das mais de 430 empresas americanas na China têm ou estão estudando transferir unidades de produção para o exterior em meio às tensões, segundo pesquisa realizada de 29 de agosto a 5 de setembro.

"As crescentes tensões comerciais só aceleram a tendência atual", disse Trinh Nguyen, economista sênior do Natixis Asia em Hong Kong. "O Sudeste Asiático serve como um grande mercado para o crescimento, um lugar para operação offshore devido aos custos menores de produção e à liberalização do comércio, e também como fonte de mitigação de riscos geopolíticos."

Ainda assim, a região certamente não está imune às consequências da disputa -- um relatório divulgado nesta segunda-feira citou a guerra comercial como fator de influência na inesperada queda das exportações da Tailândia em setembro.