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Secretamente, governo americano impediu expansão do JPMorgan

Michelle F. Davis

26/10/2018 15h25

(Bloomberg) -- Durante quase seis anos, o governo americano secretamente cortou as asas do maior banco do país, o JPMorgan Chase. Isso mudou graças a autoridades favoráveis aos bancos que trabalham para o presidente Donald Trump.

Em medidas que não eram de conhecimento público, autoridades do governo Barack Obama impediram a instituição de abrir agências em novos Estados do país, como punição por infringir regulamentos do setor bancário, de acordo com pessoas a par do assunto. O ambicioso plano de expansão nacional que o JPMorgan anunciou no início do ano só foi possível depois de o governo Trump retirar as restrições impostas a partir de 2012, disseram as fontes, que pediram anonimato por estarem discutindo a influência das autoridades reguladoras no projeto do banco.

O JPMorgan amargou mais de US$ 30 bilhões em multas, despesas jurídicas e obrigações relacionadas desde a crise financeira de 2008, inclusive por causa das aquisições de Bear Stearns e Washington Mutual. O risco excessivo assumido pelo operador que ficou conhecido como Baleia de Londres e o fato de não ter alertado para o esquema de pirâmide armado por Bernard Madoff estão entre os erros cometidos pelo banco.

Dentro de uma política regulatória não explícita, o Controlador da Moeda dos EUA (OCC) discretamente impediu o JPMorgan de se expandir em mais Estados enquanto resolvia violações de compliance, segundo as fontes.

Expansão proibida

Embora os bancos conversem em particular com autoridades reguladoras com certa frequência e até avaliem como reagem a seus potenciais planos, as fontes descreveram a proibição como uma das formas mais extremas de controle a partir dos bastidores.

As autoridades foram ainda mais longe para punir o Wells Fargo, limitando seus ativos após um padrão de lapsos e abusos vir à tona. Janet Yellen, que presidiu o banco central (Federal Reserve) durante o governo Obama, anunciou o castigo sem precedentes em seu último dia no cargo.

O JPMorgan é o maior banco americano pelo total de ativos e tinha 5.130 agências em 23 Estados do país no fim do ano passado. Agora, com a postura tranquilizadora recente de autoridades que trabalham para Trump, o banco pretende abrir 400 agências em até 20 novos mercados nos próximos cinco anos, incluindo obras em Boston, Filadélfia e Washington. O banco abrirá agências em um novo Estado pela primeira vez em mais de uma década. A expansão pode gerar receita adicional anual de US$ 1,5 bilhão a partir de 2022, de acordo com o Morgan Stanley.

'Extremamente empolgados'

"Estamos extremamente empolgados por estarmos nos expandindo novamente, com uma política regulatória inteligente e um sistema competitivo de impostos corporativos que nos ajudam a cumprir nosso compromisso de investir em nossos clientes e comunidades", declarou o presidente do banco, Jamie Dimon, em 12 de outubro.

O JPMorgan resolveu muitos dos problemas de compliance, mas o OCC ainda tem medidas em aberto contra a instituição.

Andrew Gray, porta-voz do JPMorgan, afirmou que o banco não comenta questões relacionadas a supervisão governamental.

"Abrir novas agências é um investimento sustentável e de longo prazo nas comunidades que atendemos", disse Gray. "A entrada em novos mercados trará toda a força de negócios e os recursos filantrópicos do JPMorgan Chase, criará milhares de empregos bem remunerados e permitirá o atendimento a mais clientes e negócios locais ao emprestar e investir em suas comunidades."

O porta-voz do OCC, Bryan Hubbard, não comentou.

--Com a colaboração de Jesse Hamilton.