Investidores temem que chinesa estrague a festa do níquel
(Bloomberg) -- As tradings de commodities esperam que o níquel, o metal branco-prateado usado na produção de aço inoxidável, saia vencedor da revolução dos carros elétricos -- ele é um componente fundamental das baterias.
Mas uma gigante chinesa do ramo de metais com mania de revolucionar os mercados poderia estragar a festa. A Tsingshan Holding Group anunciou no mês passado que está construindo uma unidade na Indonésia para produzir sais de níquel e cobalto para o mercado de baterias.
A transformação dos depósitos de baixa qualidade do país do Sudeste Asiático em metal "classe 1" -- o equivalente a transformar o vinho de mesa barato em uma safra premiada - abalaria o discurso otimista que tem ajudado a proteger o níquel de uma queda mais forte nos mercados de metais neste ano.
Apesar dos desafios -- adaptar uma tecnologia antes considerada não econômica --, os analistas já estão moderando suas projeções de preço, atentos ao histórico da Tsingshan de revolucionar o mercado de níquel.
"O medo geral é que, se conseguirem que dê certo, o preço do níquel realmente não precisará subir muito mais", disse Colin Hamilton, diretor-gerente de pesquisa de commodities da BMO Capital Markets, que estima que um preço de US$ 14.000 por tonelada pode justificar mais investimentos em projetos do tipo na Indonésia. "Se não fosse a Tsingshan, as pessoas estariam aplicando descontos ainda maiores."
A Tsingshan preferiu não comentar.
A primeira vez em que a empresa sacudiu o mercado foi em meados da década de 2000, com a adoção em massa do ferro-gusa de níquel pela Tsingshan e por outras empresas chinesas como alternativa de baixo custo ao níquel refinado, que havia atingido altas históricas acima de US$ 50.000 a tonelada. Isso ajudou a precipitar uma queda de 80 por cento nos preços entre 2007 e 2008.
Nesta década, a Tsingshan novamente contribuiu para controlar os preços por meio da instalação de unidades produtoras de baixo custo de ferro-gusa de níquel perto de depósitos de minério na Indonésia. Agora, a empresa pretende usar a tecnologia de lixiviação ácida sob alta pressão (HPAL, na sigla em inglês) em um projeto de US$ 700 milhões que custaria US$ 14.000 por tonelada de capacidade de níquel. Isso representa menos de um quarto do custo dos projetos recentes com HPAL, segundo a consultoria CRU Group.
É compreensível que isso esteja causando nervosismo entre os otimistas com o níquel.
"Essa é a terceira onda de decepção com o níquel", disse David Wilson, estrategista de metais da Freepoint Commodities, por telefone, de Londres. "Se funcionar, eles produzirão mais rapidamente e mais barato do que todos pensam."
A Tsingshan também abalou o setor siderúrgico na última década quando se tornou a maior produtora mundial de aço inoxidável, que responde por cerca de três quartos da demanda global atual por níquel. A principal dúvida agora é saber se a empresa é capaz de repetir o sucesso como fornecedora de baixo custo para fabricantes de baterias.
"A Tsingshan fez milagres com o aço inoxidável", disse George Cheveley, gerente de portfólio da Investec Asset Management, por telefone, de Londres. "As pessoas estão levando isso a sério."
--Com a colaboração de Martin Ritchie.
Repórteres da matéria original: Mark Burton em Londres, mburton51@bloomberg.net;Jack Farchy em Londres, jfarchy@bloomberg.net
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