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Uma chefe de compliance do UBS, um clube em Mayfair e um segredo

Jonathan Browning e Franz Wild

29/10/2018 15h57

(Bloomberg) -- O UBS Group chamou-a de Project Knight: uma ordem para assessorar a Vodafone Group sobre a possível aquisição de uma operadora de cabo alemã.

Um item no banco de dados de transações internas do banco registrou que a Kabel Deutschland era o principal alvo da Vodafone. "Isso continua bastante vigente", escreveu um executivo do UBS no banco de dados.

O que o banco chama de "Global List System" está no centro de um processo sobre negociação com informações privilegiadas em Londres. Promotores do Reino Unido dizem que Fabiana Abdel-Malek, ex-diretora de compliance do UBS, vazou informações do banco de dados sobre a possível transação para um operador. O operador, Walid Choucair, apostou nas ações da Kabel Deutschland oito dias antes de uma reportagem da Bloomberg News afirmar, em junho de 2013, que a Vodafone havia feito uma abordagem preliminar, gerando um lucro bruto de cerca de 125.000 euros (US$ 142.000) com suas transações.

Abdel-Malek pesquisou as informações internas do UBS sobre a Kabel Deutschland pelo menos 25 vezes para obter novidades sobre a transação, disseram os promotores da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA, na sigla em inglês) no segundo dia do julgamento. Abdel-Malek e Choucair são acusados de negociar com informações privilegiadas e enfrentam até sete anos de prisão se forem condenados.

Os promotores disseram que os dois se reuniram pelo menos uma vez no exclusivo clube privado Tramp, no distrito de Mayfair, em Londres, antes do anúncio do acordo da Vodafone. Abdel-Malek esteve fora de casa até às 3 da manhã, disseram.

Eles também citaram mensagens de WhatsApp com um amigo que se referia a pelo menos uma conversa que Abdel-Malek teve com Choucair.

Abdel-Malek, 36, e Choucair, 39, afirmam ser inocentes. Cada um deles, no ano passado, recebeu cinco acusações da FCA por abuso de informação privilegiada entre junho de 2013 e junho de 2014.

Juntamente com a Kabel Deutschland, as outras quatro empresas cujas ações os réus são acusados de negociar ilegalmente são: Elizabeth Arden, os fundos de investimento imobiliário BRE Properties e Northstar Realty Finance, e a companhia americana de energia Targa Resources.

Repórteres da matéria original: Jonathan Browning em Londres, jbrowning9@bloomberg.net;Franz Wild em Londres, fwild@bloomberg.net