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Grupos pedem investigação de apps com marketing para crianças

Todd Shields

30/10/2018 14h49

(Bloomberg) -- Alguns aplicativos infantis encontrados na loja de apps do Google levam indevidamente os mais jovens a assistir anúncios ou fazer compras, segundo grupos de defesa do consumidor, que citaram um novo estudo para pedir uma investigação a autoridades federais dos Estados Unidos.

"Aplicativos populares entre crianças em idade pré-escolar estão repletos de marketing", disse Josh Golin, diretor-executivo da Campaign for a Commercial-Free Childhood (Por uma Infância Livre da Publicidade Comercial), em comunicado à imprensa.

O grupo de Golin, juntamente com o Center for Digital Democracy (Centro para Democracia Digital), afirmou que a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) deveria examinar o mercado de aplicativos Android para crianças pequenas. As produtoras de aplicativos promovem falsamente aplicativos gratuitos que exigem compras e manipulam as crianças para que assistam a anúncios e façam compras, afirmaram os grupos.

Juliana Henderson, porta-voz da comissão, preferiu não comentar.

Os grupos citaram uma análise de conteúdo publicada em 26 de outubro pelo Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, que testaram 135 aplicativos -- 39 de um estudo anterior e os 96 mais baixados da categoria "Até 5 anos" da loja de aplicativos Google Play -- e descobriram que, com exceção de seis, todos continham pelo menos um tipo de anúncio.

Por exemplo, no Kids Animals Jigsaw Puzzle, surgem anúncios quando um jogador termina um quebra-cabeça. No Strawberry Shortcake Bake Shop são oferecidas compras. E outros aplicativos têm personagens comerciais, como Hello Kitty, como objetos de jogo, segundo o estudo.

"Disfarçar anúncios como parte do jogo e usar personagens de desenhos animados para manipular crianças para que façam compras no aplicativo não é apenas antiético, mas também ilegal", disse Golin.

O Google, uma unidade da Alphabet, afirmou em comunicado que os produtores dos aplicativos que aparecem no Google Play precisam respeitar as restrições de conteúdo e anúncio. O comunicado também afirma que quando um aplicativo, por exemplo, tem anúncios ou oferece compras, o Google Play revela a informação.

Os pesquisadores de Michigan afirmam que o estudo é o primeiro a avaliar as práticas publicitárias às quais as crianças pequenas são expostas ao jogar por meio de mídias móveis e interativas.

"Encontramos taxas elevadas de anúncios em dispositivos móveis que usam métodos manipulativos e disruptivos", concluíram os autores. "Esses resultados têm implicações na regulação da publicidade, nas escolhas de mídia dos pais e no valor educacional dos aplicativos."

As regras para publicidade televisiva durante programas infantis limitam os comerciais, mas não há restrições para a publicidade em dispositivos móveis, embora crianças com menos de oito anos passem cerca de uma hora por dia usando dispositivos móveis, disseram os pesquisadores da Universidade de Michigan.

Os pesquisadores afirmaram que não avaliaram se os aplicativos da loja iTunes, da Apple, respeitam as diretrizes da empresa, que proíbem links para fora do aplicativo e oportunidades de compra. Contudo, disseram, como o Android é o sistema operacional mais comum, eles acreditam que suas descobertas refletem experiências prováveis das famílias.