Estado da Porsche pressiona Merkel a impor tarifa a emissões
(Bloomberg) -- Os estados alemães estão pressionando o governo da chanceler Angela Merkel a introduzir um imposto às emissões de carbono que cubra todos os setores da maior economia da Europa.
Ministros do meio ambiente dos 16 estados do país concluirão nesta sexta-feira uma reunião de dois dias em Bremen, na que devem consolidar o apoio a um imposto, de acordo com Franz Untersteller, a principal autoridade ambiental em Baden-Wuerttemberg. Eles poderiam aumentar a pressão sobre Merkel, cujo governo esfriou as medidas tributárias para conter as emissões, segundo Untersteller, que conta a Daimler e a Porsche entre as principais empresas domiciliadas em seu estado.
"Existe uma necessidade muito séria de começar agora a criar incentivos para reduzir as emissões em toda a economia usando instrumentos de mercado", disse Untersteller, membro do Partido Verde, que governa Baden-Wuerttemberg junto com os democratas cristãos de Merkel. "A grande coalizão em Berlim não é tão grande quando se trata de tomar medidas gerais - ela precisa de um empurrãozinho."
Embora os estados da Alemanha não possam obrigar o governo de Berlim a acelerar a redução do transporte, do aquecimento e das emissões agrícolas, eles podem propor projetos de lei próprios na câmara alta da Alemanha, chamada Bundesrat. Um imposto ao carbono tem conquistado adeptos entre os partidos e o apoio da indústria à medida que o país luta para reduzir as emissões.
Siemens, SAP, Deutsche Telekom e outras 48 importantes companhias alemãs apelaram para Merkel há um ano para criar incentivos fiscais para que as empresas invistam na redução de carbono e para aumentar o preço da poluição. Essa iniciativa foi acompanhada por uma retirada gradativa do carvão. A EON, proprietária de ativos de energia a gás, também assinou o recurso.
O BDI, grupo que representa a indústria da Alemanha, apoia a introdução de um amplo mecanismo de precificação de carbono, assim como o Tribunal Federal de Auditores, órgão independente que fiscaliza o orçamento, que no mês passado afirmou que as reduções de dióxido de carbono da Alemanha são ínfimas em comparação com os bilhões gastos em apoio à energia não poluente.
Em resposta às auditorias anexadas ao relatório, o Ministério Federal da Economia e da Energia afirmou que "concorda fundamentalmente com a visão de que um preço único do CO2 para diversos setores poderia levar à redução de emissões de baixo custo".
Ao mesmo tempo, o Ministério afirmou que tem "reservas" sobre como o encargo se dividiria entre a população e receia a possibilidade de estorvar a competitividade das empresas.
Essa opinião revela que a coalizão de Merkel entre seu partido, a União Democrata-Cristã, e os social-democratas esfriou em relação a um imposto após fechar um acordo de política em fevereiro que buscava apoio a um imposto entre os países do G-20.
"Sabemos que é um beco sem saída", disse Untersteller. A Alemanha precisa se juntar à França e à Holanda, que manifestaram interesse em um imposto ao carbono, para criar um "grupo de dispostos na Europa", disse ele. Os estados que estão precificando as emissões de carbono na economia como um todo, como a Suécia e a Suíça, "não estão entrando em colapso", disse ele.
"Temos que começar em algum lugar e agora", disse Untersteller. "Eu não ouvi nenhuma crítica em casa."
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