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Inferno postal é entregar compras on-line a 18.000 ilhas remotas

Rieka Rahadiana e Tassia Sipahutar

19/11/2018 11h53

(Bloomberg) -- É possível que você tenha ouvido falar que o serviço postal dos EUA tem problemas. Bem, então tente entregar o correio na Indonésia, um arquipélago extenso com tantas ilhas que o governo literalmente não sabe quantas são.

Em todo lugar os correios precisam lidar com o fato de que as pessoas enviam poucas cartas na atualidade. Na Indonésia, porém, a explosão de compras on-line, que deveria estar ajudando o serviço postal, na verdade o prejudica porque os órgãos reguladores definiram preços muito baixos para a entrega das encomendas, segundo Gilarsi Wahyu Setijono, um ex-executivo bancário de investimentos do Merrill Lynch que se tornou presidente do serviço postal local em 2015.

"As tarifas estão abaixo dos nossos custos comerciais", disse Setijono, em entrevista recente, em Jacarta. "Pedi ajustes diversas vezes."

A amplitude geográfica da Indonésia transforma as compras on-line em uma dádiva para os consumidores, mas dificulta a vida das pessoas que precisam entregar os pacotes, muitas vezes cruzando água e montanhas. Em 2022, o mercado de comércio eletrônico do país terá crescido para US$ 65 bilhões, contra US$ 8 bilhões no ano passado, segundo a McKinsey. E o correio fará boa parte do trabalho pesado, transportando 4,4 milhões de pacotes de compras on-line por dia, seis vezes o volume atual.

Nos EUA, o presidente Donald Trump ataca a Amazon por tratar o serviço postal como um "garoto de entregas" e por pagar menos do que deveria pelo transporte, mas a atividade de entrega de pacotes, na verdade, rende bons resultados para o correio. Seus prejuízos -- US$ 656 milhões só no segundo trimestre -- decorrem da queda nos volumes de cartas e dos custos maiores com benefícios de saúde e aposentadoria.

No caso do serviço de correio da Indonésia -- a estatal PT Pos Indonesia --, as finanças não estão tão mal agora, mas Setijono disse que o ônus da entrega de pacotes vai piorar a situação a cada trimestre. O lucro caiu 18 por cento no ano passado.

Para dar mais solidez ao serviço postal de 272 anos, Setijono está realizando uma reestruturação. Ele está desmembrando uma unidade de logística, construindo uma nova empresa para gerenciar pagamentos digitais e planejando a primeira venda de títulos da empresa, uma emissão de 1 trilhão de rupias (US$ 60 milhões).

Uma coisa que ninguém pode mudar é a geografia da Indonésia. O país tem tantas ilhas que o governo iniciou um censo no ano passado para chegar a um número oficial. Segundo a última contagem, havia mais de 18.000.

Esse -- juntamente com as estradas e pontes ruins -- é o motivo pelo qual as entregas e outros tipos de logística consomem 23 por cento do produto interno bruto do país, segundo dados do governo. É por essa razão, também, que mais da metade das 4.800 agências dos correios estão em locais comercialmente inviáveis, diz Setijono.