Trump surpreende e leva aliados a embate com presidente chinês
(Bloomberg) -- Donald Trump leva para seu encontro fatídico com Xi Jinping algo que parecia improvável uns meses atrás: aliados.
Investidores e executivos no mundo todo torcem para que a conversa entre os presidentes dos EUA e da China durante a cúpula do Grupo dos 20 na Argentina, no sábado, produza algum cessar-fogo na guerra de tarifas. No mínimo, isso adiaria a escalada do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo, que representa grande risco para a economia global em 2019.
Trump e aliados repetem que qualquer acordo seria resultado da vantagem que as tarifas deram a Washington sobre Pequim. Os EUA anunciaram tarifas de importação sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses nos últimos meses. A alíquota de 10 por cento incidente sobre US$ 200 bilhões desse montante vai subir para 25 por cento em 1º de janeiro. E Trump avisou que vem mais por aí.
No entanto, Xi chega à cúpula do G-20 com bem menos amigos do que se esperava. Apesar das críticas regulares de Trump a países aliados e à União Europeia em especial, seus assessores conseguiram formar uma coalizão precária para confrontar a China.
Posição mundial
"O resto do mundo concorda conosco", afirmou Larry Kudlow, líder do Conselho Econômico Nacional de Trump, durante conversa com repórteres na terça-feira.
A coalizão é frágil. Autoridades do Japão e Europa alertam que a cooperação com Washington em relação à China pode ruir se os EUA seguirem adiante com provocações, como o plano de impor novas tarifas sobre automóveis, que prejudicariam empresas europeias e japonesas. UE e Japão se irritaram com a recusa de Trump de isentá-los das tarifas sobre aço e alumínio impostas neste ano.
Discretamente, representantes da UE afirmam que lidar com o governo Trump ainda é difícil por causa dos rompantes dele. Por exemplo, no Twitter na semana passada, o presidente associou os protestos em Paris contra o governo francês às queixas dele sobre o superávit comercial da UE com os EUA.
Pequim tem razões de sobra para preocupação.
Trump fez de tudo para irritar aliados e "não isolar a China e a China parecia ter todas essas cartas na manga. Mas há uma sensação de que algo está mudando", disse Eswar Prasad, especialista em comércio internacional e economia chinesa da Universidade Cornell, nos EUA. "Existe uma mudança muito sutil e inesperada na dinâmica internacional."
Segundo Prasad, essa novidade se refletiu na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), em Papua Nova Guiné. A China se viu mais isolada do que os EUA na questão comercial e foi criticada por impedir a divulgação de um comunicado final por causa das palavras sobre protecionismo.
Por trás disso, estão as queixas de companhias dos EUA, Europa e Japão que atuam na China e a sensação de que o governo Xi dificultou as coisas para investidores estrangeiros.
"Empresas americanas, empresas europeias e empresas japonesas compartilham as mesmas preocupações. E todas perguntam o que vamos fazer a respeito", disse Peter Chase, que já foi diplomata dos EUA e hoje atua no German Marshall Fund, em Bruxelas.
--Com a colaboração de Jonathan Stearns.
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