Boom do xisto dos EUA tem boas e más notícias para Opep
(Bloomberg) -- O ano mal começou, mas já se mostra positivo para a Opep devido à rápida recuperação do petróleo bruto após o pior desempenho para um quarto trimestre desde 2014.
Um novo acordo com a Rússia para reduzir a produção e o descongelamento das relações comerciais entre EUA e China estimularam o mercado. Mas no que diz respeito à Opep, boas e más notícias geralmente andam de mãos dadas. Basta ver o caso da bacia do Permiano.
A maior área de petróleo de xisto dos EUA deverá produzir 3,8 milhões de barris por dia neste mês, segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA. O volume é maior que o dos Emirados Árabes Unidos, terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
A decisão do cartel de reduzir sua própria produção de fato ofereceu uma "tábua de salvação" às empresas dos EUA ao estabilizar os preços do petróleo, segundo o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih. Trata-se de uma nuvem escura no horizonte da Opep, mas há algumas boas notícias.
A produção prolífica do Texas e do Novo México exerce grande pressão sobre a infraestrutura. A região não está equipada para lidar com esses níveis de produção e só podia exportar cerca de 3,5 milhões de barris por dia no fim de 2018, segundo a Bloomberg Intelligence.
Devido a esses gargalos nos oleodutos, os fluxos de petróleo na bacia do Permiano têm um impacto menor sobre os preços de relevância global que importam para a Opep. Com o rápido aumento da produção no ano passado, o valor do petróleo entregue em Midland, no Texas, em relação a Cushing, em Oklahoma -- ponto de entrega do West Texas Intermediate --, e à Costa do Golfo, em Houston, caiu, segundo relatório da Bloomberg Intelligence.
A má notícia para a Opep é que os EUA estão trabalhando em outra onda de expansão de oleodutos, que poderia adicionar 2,1 milhões de barris por dia em capacidade de transporte até o fim de 2019 e outros 2,2 milhões até 2021, segundo a Bloomberg Intelligence.
O lado positivo para a Opep é que o petróleo de xisto é da variedade mais leve, menos favorável para as refinarias da Costa do Golfo dos EUA, que são configuradas para tipos mais pesados. Essa qualidade pode manter a pressão sobre os preços do petróleo de xisto na comparação com o WTI e, posteriormente, diminuir o fluxo de caixa das empresas locais de exploração e produção.
O problema é que as refinarias asiáticas podem receber o petróleo mais leve. Se o petróleo de xisto dos EUA puder chegar a essas instalações, as empresas de exploração americanas continuarão extraindo e, portanto, ameaçando a participação da Opep no mercado de mais rápido crescimento do mundo.
O petróleo bruto precisa primeiro chegar à Ásia, e as limitações da infraestrutura de exportação dos EUA jogam a favor da Opep. Os gargalos em termos de espaço nos tanques, instalações de embarque e capacidade de cais nos portos americanos ainda precisam ser resolvidos, segundo a Bloomberg Intelligence.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.