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Elite de Davos pede consolidação de bancos na Europa

Jan-Henrik Foerster, Donal Griffin e Jenny Surane

22/01/2019 14h30

(Bloomberg) -- A defesa da consolidação do sistema bancário europeu é cada vez mais estridente, mas é bastante possível que o próximo grande negócio ocorra nos EUA.

O setor bancário europeu precisa de reformulação em um mercado no qual tudo se resume à escala, disse o presidente do conselho do UBS Group, Axel Weber, na terça-feira, na cidade suíça de Davos, onde a consolidação dos bancos já apareceu no topo da agenda no ano passado. Tidjane Thiam, que comanda o Credit Suisse Group, concordou com Weber, mas advertiu que restam obstáculos em uma região ainda fragmentada pelas fronteiras nacionais.

Devido a esses obstáculos, uma onda de fusões pode atingir os EUA antes de chegar à Europa. O CEO do Bank of America, Brian Moynihan, prevê uma nova onda de consolidação nos EUA como a que criou seu banco.

Os bancos europeus têm tido dificuldades para acompanhar os pares de Wall Street desde a crise financeira, em parte porque a região continua fragmentada pelas fronteiras nacionais. Os seis maiores bancos americanos acabam de anunciar seu primeiro ano de US$ 100 bilhões da história. O resultado contrasta com a Europa, onde um dos maiores bancos de investimento -- o Deutsche Bank -- ainda tenta se recuperar após anos de prejuízos.

"A única coisa que importa no setor bancário é o tamanho", disse Weber, em entrevista, ressaltando o fortalecimento dos bancos de Wall Street após a crise financeira. "Os bancos europeus precisam se reinventar."

Os líderes do setor bancário já haviam defendido a consolidação europeia em Davos no ano passado com a especulação de que o BNP Paribas assumiria o controle do Commerzbank, e alguns analistas previram que as aquisições e fusões ajudariam a elevar as ações dos bancos em 2018. Um ano depois, não houve nenhum grande acordo e as ações dos bancos europeus estão em queda.

"Ouvimos falar que os órgãos reguladores europeus estão prontos para essa consolidação, mas no fim há sempre um orgulho nacionalista de ter um campeão nacional ou uma série de campeões nacionais", disse o CEO do Citigroup, Michael Corbat, em entrevista à Bloomberg, também em Davos. "Vamos ver como os políticos e órgãos reguladores se saem."

Para ressaltar como o continente está ficando para trás, Moynihan disse que uma nova onda de consolidação poderia levar ao surgimento de um novo concorrente -- nos EUA.

"Como surge alguém? Do mesmo jeito que nós surgimos", disse Moynihan, em um painel em Davos. "O surgimento sairá de mais uma rodada de consolidação que ainda precisa acontecer nos EUA. Existem atualmente pouco mais de 6.000 bancos e veremos que continuarão se consolidando."

Corbat disse que embora "certamente exista lógica no setor para consolidação" nos EUA, o apetite por acordos entre grandes bancos pode ser limitado.

Na Europa, essa consolidação é mais difícil porque a região não conseguiu estabelecer um mercado bancário único. Em entrevista à Bloomberg TV, Thiam disse que embora o "apetite por consolidação" esteja presente na Europa, "obstáculos estruturais" tornam os acordos transnacionais improváveis.

"Enquanto não houver condições mais equilibradas", disse ele, "será difícil ver uma consolidação transnacional".

--Com a colaboração de Tom Keene e Francine Lacqua.

Repórteres da matéria original: Jan-Henrik Foerster em Zurich, jforster20@bloomberg.net;Donal Griffin em Londres, dgriffin10@bloomberg.net;Jenny Surane em Nova York, jsurane4@bloomberg.net