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Fraqueza nos resultados da Cielo deve continuar, dizem analistas

Vinícius Andrade e Felipe Marques

29/01/2019 15h07

(Bloomberg) -- A Cielo está ficando mais agressiva para defender sua participação de mercado e seus resultados estão sofrendo por isso.

A maior empresa de pagamentos do Brasil vem cortando preços para se defender da crescente concorrência, levando a empresa a esperar um lucro líquido consolidado para 2019 até 30% menor em relação a 2018. As despesas com marketing e aumento de pessoal levaram a gastos operacionais mais elevados no quarto trimestre, enquanto o yield de receita líquida caiu para 0,96%, ante 1,02% um ano antes.

As ações da empresa oscilaram entre ganhos e perdas nesta terça-feira, após caírem até 5,8%.

"A Cielo hoje está optando por participação de mercado em detrimento das margens", disse o CEO Paulo Caffarelli a jornalistas, complementando que a empresa deve continuar distribuindo entre 70% a 100% dos lucros aos acionistas.

Veja o que os analistas estão dizendo sobre os resultados:

ITAU BBA (Alexandre Spada)

  • Volumes de transações ainda fracos e uma deterioração acentuada na dinâmica de preços trouxeram resultados trimestrais sem brilho, sinalizando fraqueza adicional adiante
  • A dinâmica de custos se deteriorou sequencialmente, conforme a Cielo intensificou seus esforços na guerra de preços em curso
  • Os volumes de pré-pagamento de recebíveis melhoraram, mas o preço implícito dessas operações caiu significativamente, resultando em uma queda de dois dígitos nas receitas
  • Classificação market perform mantida

CREDIT SUISSE (Lucas Lopes)

  • Cia. reportou resultados negativos, com queda no yield de receita
  • O Credit Suisse reduziu sua projeção de lucro líquido em 4% para 2019 e 5,8% para 2020
  • Classificação underperform, preço-alvo de 9 reais mantidos

BTG PACTUAL (Eduardo Rosman)

  • Cia. reportou resultados fracos, em linha com a expectativa do mercado
  • Combinação de redução de preço, aumento da força de vendas e mais despesas com marketing impactaram os resultados do 4T e a deterioração deve continuar em 2019
  • BTG espera revisão para baixo nas estimativas de lucros

SAFRA (Luis Azevedo, Silvio Doria)

  • A empresa reportou resultados fracos no 4T18, refletindo impactos de um ambiente competitivo mais agressivo e sua abordagem comercial mais agressiva para recuperar participação de mercado
  • "Ambos os fatores pressionaram negativamente as receitas, retornos e despesas"
  • As operações da Cielo no Brasil e sua unidade Cateno registraram um fraco crescimento de receita no trimestre, mas acima da expectativa do Safra
  • Aumento nas despesas com pessoal, marketing e vendas levou a maiores despesas operacionais
  • O Ebitda da Cielo não foi tão ruim quanto Safra esperava

BRADESCO BBI (Rafael Frade)

  • Este foi o primeiro trimestre após o movimento da empresa em direção a uma estratégia de preços mais agressiva, e o Bradesco BBI espera que isso continue a pressionar a rentabilidade nos próximos trimestres
  • Yield da receita caiu para 0,96% potencialmente afetado por condições competitivas mais difíceis
  • Abordagem conservadora mantida; classificação neutra

JP MORGAN (Domingos Falavina)

  • Cia. postou resultados "muito fracos"
  • Custos e despesas operacionais foram pressionados por contratações recentes e campanhas de marketing, mas outras despesas também nos surpreenderam negativamente
  • Dado o 1T sazonalmente pior, o JPMorgan espera pressões contínuas sobre as ações e novamente revisões substanciais de lucros para baixo
  • JPMorgan vê Cielo sendo negociada a 9,1x 2019 P/E

Repórteres da matéria original: Vinícius Andrade em Sao Paulo, vandrade3@bloomberg.net;Felipe Marques em São Paulo, fmarques10@bloomberg.net