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Daimler promete cortes para conter riscos políticos e econômicos

Christoph Rauwald e Chris Reiter

06/02/2019 14h20

(Bloomberg) -- A Daimler está preparando um programa de corte de custos "abrangente" para garantir a rentabilidade em meio à luta da montadora alemã contra a disputa comercial entre os EUA e a China, a queda da demanda na Europa e na América do Norte e o aumento das despesas com o desenvolvimento de veículos elétricos.

A fabricante da Mercedes-Benz está intensificando os esforços para reforçar as margens e combater pressões que provavelmente não desaparecerão tão cedo. Após a queda de 29 por cento do lucro líquido em 2018, a Daimler reduziu seus dividendos pela primeira vez em nove anos e projetou apenas um "ligeiro" aumento nos lucros antes de juros e impostos neste ano.

"O ambiente continuará extremamente desafiador em 2019", disse o CEO Dieter Zetsche. "É por isso que devemos continuar trabalhando fortemente na eficiência", já que a lucratividade é "pré-requisito" para investir em novas tecnologias.

Zetsche, que apresentou os resultados da Daimler pela última vez, preferiu não especificar a magnitude projetada do corte de custos, dizendo que as medidas estão apenas começando e que ainda não foram definidas. As ações chegaram a cair 3,6 por cento devido à projeção cautelosa para 2019 que inclui um pequeno aumento da receita.

"As perspectivas e os comentários da diretoria sugerem que 2019 e 2020 serão significativamente desafiadores", disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI em Londres. "No momento, praticamente todos os mercados destinatários estão com volumes muito saudáveis, de pico. Esse apoio provavelmente diminuirá nos próximos anos."

Ano difícil

A indústria automotiva passou por meses difíceis marcados por tensões comerciais e pela queda nas vendas nos EUA e na China, os dois maiores mercados automotivos do mundo. Os obstáculos à demanda se somam às tensões provocadas pelo gasto para desenvolvimento de veículos elétricos e autônomos -- investimentos que levarão anos para serem compensados.

A Daimler -- que também é a maior fabricante mundial de caminhões pesados -- divulgou dois alertas de lucros abaixo do esperado no ano passado, em parte devido à disputa comercial da China com os EUA, que gerou tarifas adicionais sobre seus SUVs produzidos no Alabama, EUA.

A empresa alertou para os riscos geopolíticos e para a desaceleração da economia global neste ano. A expectativa é que a demanda global por carros continue no mesmo patamar em 2019, enquanto os gastos de capital continuam elevados e as flutuações cambiais geram 1 bilhão de euros em contratempos.

Os lucros caíram em todas as divisões em 2018, exceto na de caminhões pesados. A rentabilidade da importante unidade Mercedes-Benz Cars diminuiu dos 9,4 por cento de um ano atrás para 7,8 por cento, revelando a pressão de investir em grandes mudanças tecnológicas e ao mesmo tempo lutar contra mercados consolidados.

Para este ano, a Daimler projetou uma margem de lucro de 6 por cento a 8 por cento para a Mercedes -- abaixo da meta em um momento em que reformulações de SUVs e investimentos em veículos elétricos, como o novo SUV EQC, diluem os lucros.

"Nossa ambição é clara", disse Zetsche. "Queremos dar forma à transformação tecnológica a partir de cima."

Repórteres da matéria original: Christoph Rauwald em Frankfurt, crauwald@bloomberg.net;Chris Reiter em Berlim, creiter2@bloomberg.net