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ArcelorMittal diz que desaceleração da China afeta demanda

Elena Mazneva

07/02/2019 15h28

(Bloomberg) -- Após dois anos de lucros abundantes, o setor siderúrgico começa uma desaceleração.

A ArcelorMittal, assim como pequenas produtoras europeias como Salzgitter e Voestalpine, estão soando o alarme sobre a piora das condições, particularmente na China. O país, que usa cerca de metade do aço do mundo, agora deve sofrer uma queda na demanda, a primeira contração desde 2015. A demanda nos EUA e na Europa crescerá em ritmo mais lento neste ano, segundo a ArcelorMittal.

"Um resultado final um pouco mais positivo depende claramente de possíveis medidas de estímulo adicionais da China" e do potencial de trégua comercial com os EUA, disse Ingo Schachel, analista do Commerzbank.

Os anúncios das siderúrgicas reforçam dados econômicos que mostram uma perspectiva sombria para a economia global. O sentimento está sendo afetado pela guerra comercial entre a China e os EUA, pelo Brexit e pelos indicadores industriais e de sentimento, que apontam declínio da demanda.

O aço muitas vezes é visto como termômetro do crescimento global por ser a espinha dorsal de boa parte das construções e da manufatura no mundo. O setor também enfrenta um aperto nas margens de lucro devido à alta dos preços do minério de ferro após o rompimento da barragem da Vale no Brasil.

Mas nem todas as notícias são ruins. A ArcelorMittal divulgou lucro recorde, duplicou os dividendos e reduziu a carga de dívida no quarto trimestre, um sinal de que a empresa está em uma posição mais sólida.

A demanda de aço na China cairia 0,5 por cento neste ano, para 1,5 por cento, contra um crescimento de 3,5 por cento em 2018. O consumo global crescerá a um ritmo menor do que o do ano passado, mas a perspectiva para o mundo, se excluída a China, é ligeiramente melhor, impulsionada pela estabilização da Turquia, afirmou a ArcelorMittal.

A China pode ampliar as exportações devido à demanda doméstica mais fraca, mas as economias vizinhas na Ásia devem conseguir absorver os volumes, disse o diretor financeiro Aditya Mittal, em conferência. Como resultado, a empresa não espera ver um efeito de transbordamento sobre suas receitas na Europa e nos EUA, disse.

--Com a colaboração de Thomas Biesheuvel, Yuliya Fedorinova e Matthias Wabl.