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Ghosn reembolsará palácio de Versalhes por despesas de casamento

Ania Nussbaum

08/02/2019 15h00

(Bloomberg) -- Carlos Ghosn planeja reembolsar o Palácio de Versalhes por custos relacionados à sua festa de casamento com a temática Maria Antonieta depois que a Renault revelou que o ex-presidente do conselho da empresa pode ter usado indevidamente um acordo de patrocínio para organizar o evento.

Ghosn reembolsará o palácio, que, por sua vez, compensará a fabricante de automóveis francesa, segundo a porta-voz da família dele, Devon Spurgeon, por telefone, nesta sexta-feira. Ao mesmo tempo, o jornal Les Echos noticiou que o executivo preso organizou outra festa em Versalhes, dois anos antes, pelo seu aniversário de 60 anos.

A reação de Ghosn à despesa com o casamento veio um dia depois de a Renault anunciar que informaria às autoridades francesas que ele havia recebido um "benefício pessoal" no valor de 50.000 euros (US$ 57.000) relacionado a um acordo com o palácio. A conclusão faz parte de uma investigação interna, e é a primeira vez que a Renault revela possíveis incorreções de Ghosn, que está preso em Tóquio acusado de crimes financeiros por promotores japoneses.

A soma seria o custo estimado de aluguel das instalações históricas por meio de contrato assinado por Ghosn que autorizou a fabricante de veículos a realizar eventos corporativos em Versalhes. Ele e a esposa Carole deram uma festa extravagante no palácio em 2016, retratada em uma foto que mostra atores em trajes de época junto a um chamativo adorno feito com bolos.

A ação rápida de Ghosn para reembolsar o palácio contrasta com sua postura no Japão, onde rejeitou as acusações dos promotores de que cometeu irregularidades financeiras relacionadas à época em que comandou a parceira da Renault, a Nissan Motor. Em sua primeira audiência na Justiça em Tóquio, no mês passado, ele disse que foi "acusado indevidamente e detido injustamente com base em acusações infundadas e sem mérito". Ele se mostrou como um homem leal à empresa que jamais cogitaria prejudicá-la.

Após sua prisão, em 19 de novembro, Ghosn foi rapidamente demitido pela Nissan e pela Mitsubishi Motors, a outra parceira japonesa na aliança. No mês passado, ele renunciou aos cargos de presidente do conselho e CEO da Renault, que tem o estado francês como acionista mais poderoso. A queda gerou tensão dentro do pacto de fabricação de carros, em parte porque a Nissan decidiu removê-lo rapidamente, enquanto a Renault hesitou.

Estilo de vida luxuoso

A festa em Versalhes é considerada por muitos uma evidência do estilo de vida luxuoso do executivo quando comandou as três empresas automotivas internacionais. Antes do anúncio da decisão dele de reembolsar o Palácio de Versalhes, seu advogado na França, Jean-Yves Le Borgne, havia dito em comunicado enviado por e-mail que Ghosn pagou todas as despesas do casamento.

"O espaço para eventos em Versalhes foi disponibilizado sem custo e o senhor Ghosn não sabia que o uso do espaço seria contado como parte do uso destinado à Renault", escreveu no e-mail.