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Minério de ferro crava nível mais alto desde 2014 com Vale

Jake Lloyd-Smith e Krystal Chia

08/02/2019 07h05

(Bloomberg) -- Futuros de minério subiram mais de 5% para nível mais alto desde 2014 sob a preocupação de que a crise cada vez mais severa da Vale reduzirá o fornecimento global, trazendo condições mais apertadas ao mercado transoceânico e compensando o impacto de uma desaceleração na China, o maior importador.

A Vale invocou força maior no início desta semana depois que um juiz a forçou a suspender algumas operações em Brucutu - um movimento que pode resultar em uma perda anual de 30 milhões de toneladas. Isso se soma a uma redução anterior de 40 milhões de toneladas após o rompimento barragem. Além disso, a Vale teve sua licença para operar uma represa em Brucutu revogada por um regulador estadual.

À medida que a crise se intensificou, os bancos aumentaram previsões de preço, com o Citigroup elevando sua projeção em 40% a US$ 88 em 2019 por tonelada e levantando a possibilidade de que a interrupção das operações da Vale pode ainda piorar e durar anos.

Risco Maior

Um grande risco é que a operação de Brucutu possa ser "a primeira de muitas das minas da Vale a ver sua produção parada", e há também a perspectiva de que regulamentações mais rigorosas possam afetar os suprimentos de outras mineradoras, disse o Citi em nota, em seu cenário bull, que tem probabilidade 30% de chance de ocorrer. A produção da Vale cairá 40 milhões de toneladas este ano, estima o banco.

Futuros avançaram 5,8% para US$ 94 a tonelada em Cingapura, a maior alta desde agosto de 2014. Até agora, os preços subiram 8,9%, após alta de 14% na semana passada.

O drama desta semana não teve reflexos no mais importante usuário de minério de ferro, já que os mercados chineses estão fechados para o Ano Novo Lunar. Quando as negociações forem retomadas na segunda-feira, o relatório deve ajudar a definir a direção do minério de ferro de forma mais decisiva após um período inicial de preços baseados no yuan se recuperando.

"As usinas siderúrgicas na China precisam de segurança de suprimentos 24 horas por dia, 7 dias por semana, e é difícil dizer por quanto tempo esta situação continuará", disse Philip Kirchlechner, diretor da Iron Ore Research. "Estamos em uma situação incomum no meio do ano novo chinês".

Visão do Goldman

O Goldman Sachs alertou que poderia haver "interrupção significativa" para a oferta brasileira no curto prazo, e os preços deverão ser elevados e voláteis, já que a produção em outros lugares não pode ser ajustada com rapidez suficiente para compensar a escassez, de acordo com um relatório do banco.

Ainda assim, o Goldman disse que os preços de cerca de US$ 90 não seriam sustentáveis, já que as mineradoras fora do Brasil, especialmente na China, devem aumentar a produção. Ele vê o preço de volta a US$ 60 em 2021.

Ações da Rio Tinto, BHP e Fortescue Metals caíram nesta sexta-feira em Sydney, mesmo com o aumento para mais de US$ 90 a tonelada do minério de ferro. Durante toda a semana, o trio continua em alta, com o Rio registrando o quarto ganho semanal em cinco.

--Com a colaboração de Matt Turner.

Repórteres da matéria original: Jake Lloyd-Smith em Cingapura, jlloydsmith@bloomberg.net;Krystal Chia em Cingapura, kchia48@bloomberg.net