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Grécia quer combater inadimplência com subsídio de hipotecas

Christos Ziotis e Sotiris Nikas

15/02/2019 13h06

(Bloomberg) -- A Grécia pretende injetar até 1 bilhão de euros (US$ 1,1 bilhão) em seus bancos nos próximos cinco anos subsidiando parte do pagamento de hipotecas das famílias.

De acordo com o plano, algumas famílias que não puderem pagar seus empréstimos imobiliários vão reestruturar suas dívidas com os bancos e o Estado pagará parte das parcelas mensais remanescentes, segundo três pessoas familiarizadas com o plano, que pediram para não serem identificadas porque os detalhes ainda precisam ser finalizados.

Os bancos gregos estão lidando com 88,6 bilhões de euros de empréstimos inadimplentes, um legado da crise financeira do país. As hipotecas são consideradas o componente mais firme das exposições não produtivas dos bancos, e os credores não estão conseguindo cumprir as metas de redução estabelecidas pelo órgão regulador.

O objetivo é transformar uma parte dos livros de empréstimos em atraso dos bancos em ativos produtivos, a fim de ajudá-los a equilibrar o balanço. O custo anual do subsídio deve chegar a 200 milhões de euros, disseram as pessoas.

A nova estrutura apoiará as famílias que não conseguirem pagar a hipoteca e correrem o risco de perder sua residência principal. Haverá condições de renda e propriedade para a elegibilidade, e os mutuários perderão o subsídio se atrasarem um pagamento por mais de 90 dias, disse uma das pessoas. O subsídio deve chegar, em média, a um terço da prestação mensal.

Modelo do Chipre

O plano, que imita o modelo "Estia" do Chipre, possibilitaria que o primeiro-ministro Alexis Tsipras apresente aos eleitores uma conquista política popular nas eleições deste ano. O plano precisa ser aprovado pela Comissão Europeia.

Quase 8 bilhões de euros em empréstimos hipotecários inadimplentes, cerca de 30 por cento do total, estão atualmente protegidos por uma lei aprovada em 2010 que está prestes a expirar e que impede o embargo de algumas residências primárias, de acordo com dados do Banco da Grécia. O governo e os bancos concordaram com uma estrutura substituta para proteger as residências primárias em negociações na quinta-feira, embora as autoridades europeias ainda precisem dar autorização.

Os bancos gregos comprometeram-se a reduzir sua exposição improdutiva em 60 por cento até o final de 2021. Outros planos também estão sendo elaborados, e o Ministério da Fazenda deve solicitar em breve a aprovação europeia para um plano cujo objetivo é ajudar os bancos a acelerar o descarte de empréstimos inadimplentes usando um modelo semelhante ao adotado pela Itália. O Banco da Grécia também está elaborando um plano próprio.

Repórteres da matéria original: Christos Ziotis em Atenas, cziotis@bloomberg.net;Sotiris Nikas em Atenas, snikas@bloomberg.net