Financiamento sustentável cresce no país que mais polui no mundo
(Bloomberg) -- Tao Zhang está otimista em relação à sustentabilidade na China -- especialmente no que diz respeito às emissões da pecuária. Fundador do consórcio de investimento de impacto EUA-China Dao Ventures, ele passou boa parte dos últimos 12 meses tentando acelerar investimentos em carnes à base de plantas ou cultivadas em laboratório, mais favoráveis ao meio ambiente, para consumidores chineses por meio de uma nova empresa, a Dao Foods.
Os ativistas que lutam contra as mudanças climáticas temem que o crescente apetite da China por carne esteja pressionando ainda mais os recursos naturais e ampliando as emissões de metano. Mas Zhang e uma nova safra de investidores de impacto acreditam que isso e as muitas outras preocupações ambientais e sociais da China podem ser resolvidos com capital.
"A China precisa de água e de recursos naturais, então isso é algo que precisa se concretizar", diz Zhang, que divide seu tempo entre Pequim e Washington. "A China é um grande mercado consumidor, por isso estamos sempre pensando em formas de fazer com que os consumidores chineses sejam parte da solução."
O investidor de impacto na China não está tão solitário quanto antes, diz Zhang, cuja empresa fez ou facilitou mais de US$ 200 milhões em investimentos ambientais e sociais focados na China na última década. Entre eles há projetos para desenvolvimento de tecnologia de refrigeração limpa e para converter lixo agrícola em carvão para cozinhar.
O investimento de impacto, uma tendência em crescimento em todo o mundo, busca aplacar preocupações da sociedade e, ao mesmo tempo, obter retorno com taxa de mercado. Na China, o país mais populoso e poluidor do planeta, há o benefício extra de que a solução de desafios locais afeta significativamente os esforços globais para a redução das emissões de carbono ou para a construção de uma agricultura sustentável.
As ambiciosas metas ambientais do governo chinês estão criando algumas dessas oportunidades. O governo mira a venda de 2 milhões de veículos movidos a combustíveis alternativos em 2020 para combater a poluição. O Banco Popular da China está oferecendo incentivos para financiamento ecológico. O banco central anunciou em junho que ampliaria o leque de garantias aceitas em suas operações de empréstimos de médio prazo para incluir instrumentos de dívida ligados à economia verde.
Esse apoio pode ajudar a explicar por que investidores chineses de elevado patrimônio líquido lideraram uma pesquisa global do UBS Group que avaliou o interesse em investimentos sustentáveis no ano passado. "Os investidores veem o governo chinês agindo mais rapidamente em relação às políticas ambientais e enxergam a oportunidade", diz Rina Kupferschmid-Rojas, chefe de finanças sustentáveis da UBS in Society, uma iniciativa interdivisional do banco voltada ao financiamento sustentável.
Cerca de 60 por cento dos investidores chineses com pelo menos US$ 1 milhão em ativos para investir disseram que já incorporaram participações focadas em questões ambientais, sociais e de governança (ESG, pela sigla em inglês) aos seus portfólios, segundo a pesquisa. Setenta e quatro por cento dos investidores chineses ricos -- contra apenas 32 por cento dos colegas americanos e britânicos -- também acreditam que o investimento sustentável será a nova norma na próxima década.
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