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Estúdio de bilionário com consciência social quer levar o Oscar

Lucas Shaw e Anousha Sakoui

21/02/2019 14h59

(Bloomberg) -- Faltam poucos dias para a cerimônia deste ano do Oscar, e os analistas continuam tentando prever o grande vencedor. No entanto, uma produtora independente, a Participant Media, parece estar em posição de vantagem.

A Participant produziu tanto "Roma" quanto "Green Book: O Guia", os dois candidatos favoritos para o site de prêmios Gold Derby e para serviços de apostas como FanDuel. A vitória de qualquer um dos dois daria à companhia seu segundo Oscar de Melhor Filme em quatro anos, uma proeza rara para uma produtora independente.

Quinze anos depois de ter sido fundada pelo bilionário e ex-executivo da eBay Jeff Skoll, a Participant prospera fazendo filmes que poucos estúdios querem financiar: dramas adultos de cineastas veteranos com uma forte dose de ativismo social.

Os filmes sobre questões sociais têm um histórico de atrair financiadores ricos, como o CEO da FedEx, Fred Smith, o cofundador da eBay, Pierre Omidyar, e a filantropa e investidora Laurene Powell Jobs.

Omidyar foi produtor executivo de "Spotlight - Segredos Revelados", da Participant, filme vencedor do Oscar sobre jornalistas que denunciaram abusos sexuais na Igreja Católica. Powell Jobs, por sua vez, iniciou seu próprio estúdio de documentários e adquiriu uma participação na Anonymous Content (também produtora de "Spotlight"). Skoll tem um patrimônio de cerca de US$ 4,9 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

A Participant está entre as produtoras mais prolíficas na arena social, e "Spotlight" é a joia em sua coroa de prêmios até agora, com dois Oscars. Produzido por cerca de US$ 20 milhões, o filme arrecadou US$ 98 milhões em vendas mundiais de ingressos, segundo a IMDb.

A empresa também financiou "RBG", o documentário sobre Ruth Bader Ginsburg, da Suprema Corte de Justiça dos EUA, que concorre a dois Oscars, e ajudou a produzir "Suprema", uma dramatização da vida de Ginsburg. Outros créditos incluem "The Post: A Guerra Secreta", sobre a defesa da liberdade de imprensa da falecida editora Katharine Graham durante a crise dos papéis do Pentágono.

No Oscar deste ano, é difícil dizer se a Participant vencerá novamente, disse Sasha Stone, editora do Awards Daily.

"Existe uma necessidade de premiar filmes populares, de premiar filmes de mulheres e sobre mulheres, filmes de negros e sobre negros", disse ela. "Estamos tentando satisfazer a todas as nossas necessidades, mas não há consenso sobre quais são essas necessidades."

Financiamento inicial

Tanto "Roma" quanto "Green Book" tiveram dificuldade para sair do papel antes que a Participant oferecesse o financiamento inicial, um papel comum para uma empresa dedicada a promover mudanças através do cinema.

"Roma", de Alfonso Cuarón, é um filme em branco e preto, em espanhol, que explora as classes sociais em um drama íntimo sobre uma família mexicana. Foi distribuído pela Netflix, que provavelmente terá mais publicidade se o filme vencer. "Green Book" examina o preconceito racial em uma viagem de carro. O filme inicialmente foi rejeitado por sua distribuidora, a Focus Features, de acordo com o diretor Peter Farrelly.

Os créditos de Skoll como produtor cinematográfico geraram US$ 1,46 bilhão em todo o mundo, de acordo com a Box Office Mojo. "Lincoln" é seu maior sucesso nas bilheterias e foi o filme que o uniu a Steven Spielberg.

Spielberg acabou ajudando a promover "Green Book" porque o filme o conquistou de imediato, disse Farrelly em uma exibição, de acordo com o Deadline.

"Spielberg assistiu o filme às 8 da manhã e me ligou às 10", disse Farrelly.

Repórteres da matéria original: Lucas Shaw em Los Angeles, lshaw31@bloomberg.net;Anousha Sakoui em Los Angeles, asakoui@bloomberg.net