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Terreno de antigo palácio em Cingapura é avaliado em US$ 3,5 bi

Yoojung Lee

21/02/2019 11h42

(Bloomberg) -- No coração de Cingapura, uma das cidades mais caras do mundo, há um enorme lote vazio de terra privada 30 vezes maior que a Casa Branca.

Na mesma rua da embaixada dos EUA e de apartamentos de 4,5 milhões de dólares de Cingapura (US$ 3,3 milhões), a área de mata descuidada esconde os escombros de dois palácios abandonados e seria avaliada em US$ 3,5 bilhões se fosse vendida para incorporação, segundo uma estimativa. Em uma cidade na qual quase 8.000 pessoas se espremem em cada quilômetro quadrado e os preços dos imóveis estão entre os mais altos do mundo, este é um dos maiores anacronismos urbanos da Ásia.

"Ter um pedaço de terra em Cingapura é certamente um privilégio, porque a terra é o recurso mais precioso da cidade-estado", disse Christine Li, diretora sênior e chefe de pesquisa para Cingapura da Cushman & Wakefield. "Nas últimas cinco décadas, os preços dos terrenos se valorizaram significativamente. Isso estimulou a geração de riqueza para gerações mais velhas. Muitos também desejam possuir uma propriedade fundiária por ser um símbolo de status para os ricos."

Se algo nessa história soa familiar, é provavelmente porque o enredo foi tomado emprestado por Kevin Kwan, autor de Asiáticos Podres de Ricos (Crazy Rich Asians, no título original), o livro sobre pessoas extraordinariamente ricas da Ásia que virou um filme de sucesso no ano passado. A fictícia família Young mora em uma enorme casa antiga situada no Tyersall Park, em Cingapura.

Na versão da vida real, o príncipe herdeiro de Johor, Tunku Ismail Sultan Ibrahim, de 34 anos, é o proprietário registrado do lote de 210.875 metros quadrados que fica no antigo Tyersall Park, ao lado do Jardim Botânico. No interior, devastado pelo fogo e pela decadência, estão as ruínas do palácio Istana Woodneuk, construído pelos antepassados do dono no fim do século 19.

O lote que pertence aos sultões de Johor era maior, mas foi sendo reduzido gradualmente à medida que o governo de Cingapura passou a adquirir terras para ampliar o Jardim Botânico, que é Patrimônio da Humanidade da Unesco. Em 1990, o Estado comprou uma parte por US$ 25 milhões e depois outro pedaço de 98.000 metros quadrados em 2009 por um valor não revelado.

A Malásia mantém uma monarquia constitucional em que o trono nacional se reveza entre os governantes dos nove estados do país a cada cinco anos. O estado de Johor, no sul, é governado pelo pai do príncipe herdeiro, o sultão Ibrahim Sultan Iskandar.

O príncipe herdeiro, no entanto, não poderá ganhar dinheiro com o terreno de Cingapura tão cedo, mesmo que queira. A área não construída está registrada no zoneamento para "uso especial para espaço verde", o que significa que a construção para outros fins, por exemplo residencial ou comercial, é restrita.

Se a situação mudar -- o lote fica em um dos bairros residenciais mais cobiçados de Cingapura --, o terreno poderá valer pelo menos 4,7 bilhões de dólares de Cingapura, segundo cálculos de Alan Cheong, diretor sênior da corretora Savills.

--Com a colaboração de Pei Yi Mak.