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Fãs de comida na Alemanha mudam cesta de inflação do país

Carolynn Look e Nicholas Comfort

22/02/2019 12h05

(Bloomberg) -- As mudanças nas preferências gastronômicas na maior economia da Europa estão afetando os principais indicadores econômicos.

Os números da inflação alemã agora passarão a dar mais peso aos gastos com restaurantes - entre outras categorias -, refletindo uma mudança nos hábitos dos consumidores. O escritório de estatísticas do país divulgou nesta quinta-feira um panorama atualizado de sua cesta de inflação, que compreende os bens e serviços para os quais os dados de preços são coletados mensalmente.

Os produtos alimentícios e bebidas constituíam anteriormente 10,3 por cento das despesas do consumidor médio, mas essa fatia foi reduzida para 9,7 por cento. Há uma série de razões para isso, de acordo com o escritório de estatísticas: as pessoas nas economias desenvolvidas normalmente gastam uma proporção cada vez menor de sua renda em alimentos, e os estabelecimentos que oferecem produtos com desconto facilitam que pessoas de renda mais baixa escolham opções mais baratas. Ao mesmo tempo, uma tendência a consumir alimentos orgânicos pode ter resultado em mais dinheiro sendo gasto em certos produtos.

Além disso, os alemães estão gastando mais para comer em restaurantes. Essa despesa agora recebe um peso de 3,6 por cento na cesta de inflação, em comparação com 3,4 por cento cinco anos atrás. Isso sugere que a redução dos gastos com alimentos está sendo compensada na gastronomia, embora os gastos com restaurantes no país ainda estejam muito aquém dessas despesas em alguns de seus vizinhos da zona do euro.

O peso dos custos da habitação também aumentou, mas principalmente porque os aluguéis de garagens, que eram considerados gastos de transporte, foram recategorizados. As despesas com saúde ganharam importância, provavelmente devido ao envelhecimento da população da Alemanha.

O escritório de estatísticas também reformulou o monitoramento do preço de pacotes de férias, a fim de evidenciar as oscilações sazonais, e substituiu destinos menos populares, como a Tunísia, por lugares badalados, como a Grécia e as Ilhas Baleares.

Efeito na inflação

Ainda não se sabe se a porcentagem maior de despesas com restaurantes dá impulso à inflação geral na Alemanha ou na zona do euro como um todo. As áreas de muito serviço, como restaurantes e recreação, têm demorado a repassar os salários mais altos a seus clientes por meio de aumentos de preços, disse o economista-chefe do Banco Central Europeu, Peter Praet, na quinta-feira.

"Será que isso está relacionado com as novas tecnologias, com a concorrência, etc.?", questionou ele em Luxemburgo. "Nós realmente precisamos investigar isso."

Repórteres da matéria original: Carolynn Look em Frankfurt, clook4@bloomberg.net;Nicholas Comfort em Frankfurt, ncomfort1@bloomberg.net