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Maiores produtores de cacau estudam piso para preços: Fontes

Baudelaire Mieu e Ekow Dontoh

27/02/2019 11h49

(Bloomberg) -- Os dois maiores países produtores de cacau do mundo estudam estabelecer um preço mínimo para seus grãos com o objetivo de extrair mais valor da produção do ingrediente do chocolate, segundo duas pessoas a par do assunto.

Os órgãos reguladores do setor da Costa do Marfim e da vizinha Gana negociam a possibilidade de estudar um preço que ficará em uma faixa de 1.700 libras (US$ 2.255 dólares) a 2.000 libras por tonelada em regime free-on-board, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque não estão autorizadas a falar publicamente sobre o assunto. A questão foi discutida em reuniões entre os órgãos Ghana Cocoa Board e Le Conseil du Café-Cacao, da Costa do Marfim, em Acra, capital de Gana, na semana passada, disseram as pessoas.

A estratégia está em fase inicial e os dois órgãos reguladores estão analisando as implicações de uma proposta desse tipo para suas indústrias, disseram as pessoas. O plano final será submetido à aprovação dos dois governos e depois apresentado aos compradores de cacau, disseram as pessoas. A Costa do Marfim quer implementar o plano antes do início da próxima colheita principal, em outubro, e vai reservar uma parte das vendas futuras da temporada pelo preço estabelecido, disse uma das pessoas.

Uma porta-voz do órgão regulador da Costa do Marfim não atendeu às ligações para comentar o assunto. Uma porta-voz do Ghana Cocoa Board preferiu não comentar quando contatada por telefone.

Os preços do cacau em Londres registraram média de 1.652 libras por tonelada desde o início da safra atual para a maioria dos contratos ativos, contra 1.487 libras por tonelada há um ano.

A Costa do Marfim e Gana, que respondem por cerca de três quintos da produção mundial de cacau, normalmente vendem cerca de 80 por cento da colheita principal antes do início de cada temporada, um sistema que lhes permite fixar preços e estabelecer a remuneração mínima para os produtores rurais. A Costa do Marfim, que é a maior produtora, já vendeu pelo menos 500.000 toneladas da próxima colheita, contra uma meta de 1,4 milhão de toneladas, disseram pessoas a par do assunto no começo do mês.

O certo é que tentativas anteriores de controlar o mercado limitando ou proibindo as vendas na Costa do Marfim não foram bem-sucedidas. Parte do motivo é que as tradings sabem que os países da África Ocidental dependem fortemente das receitas das exportações de cacau, por isso em algum momento acabam vendendo, em alguns casos a preços ainda mais baixos.

Os dois países vêm tentando alinhar suas políticas e compartilhar mais informações para melhorar seu poder de fixação de preços no mercado global. No mês passado, a Costa do Marfim começou a se distanciar do sistema de leilões de cacau, preferindo vender diretamente às tradings, o que deixou o processo de comercialização mais semelhante ao da sua vizinha da África Ocidental.

--Com a colaboração de Isis Almeida.

Repórteres da matéria original: Baudelaire Mieu em Abidjan, bmieu@bloomberg.net;Ekow Dontoh em Acra, edontoh@bloomberg.net