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Hudson Yards aposta US$ 2 bi em sucesso de shopping em Manhattan

Lily Katz e Kim Bhasin

07/03/2019 11h39

(Bloomberg) -- Incorporadores imobiliários e varejistas fizeram uma aposta de US$ 2 bilhões de que um novo shopping pode dar certo em Nova York.

O The Shops, no Hudson Yards, que abrirá ao público em 15 de março, terá a tarefa hercúlea de atrair os consumidores para o que já foi um deserto comercial -- uma parte do West Side de Manhattan cercada por um pátio ferroviário e pelo enorme Centro de Convenções Jacob Javits. As ruas varridas pelo vento ao longo do rio Hudson não tinham pedestres vendo vitrines nem turistas gastando dinheiro.

Mas o High Line ajudou a mudar tudo isso. A artéria ferroviária elevada transformada pela gentrificação refez a paisagem, com o surgimento de hotéis e de um grande museu em torno dela. A atração turística também desencadeou uma corrida de luxo com apartamentos de vidro, restaurantes caros e boutiques chiques. Agora vai chegar um novo shopping para mandar em tudo, sugando os turistas e todos os que estiverem querendo gastar muito dinheiro.

O The Shops é apenas uma parte do gigantesco projeto de US$ 25 bilhões que está sendo construído no Hudson Yards pela Related Cos. e pelo Oxford Properties Group. A administração do shopping conta com o patrocínio de moradores, turistas e pessoas que trabalham e moram no projeto de uso misto de cerca de 11 hectares. Agora que o shopping foi construído, a questão é ver se ele se tornará um centro de varejo de Manhattan ou apenas mais uma coleção de lojas exclusivas isoladas do resto da cidade.

"Nova York não é uma cidade de shoppings, então este é um verdadeiro teste", disse Mitchell Moss, professor de política urbana e planejamento da Universidade de Nova York. "O maior desafio é que eles consigam fazer com que o shopping faça parte de Nova York."

Público apto

Situado entre a 34th Street e a 30th Street, o Hudson Yards espera atrair visitantes dos bairros ao redor. Mas a grande aposta está no High Line, que atravessa o desenvolvimento como uma correia transportadora de dólares turísticos.

O High Line, para os não iniciados, é um parque e ponto turístico construído sobre o que antes era uma ferrovia de carga ao longo do West Side de Manhattan. Todos os anos, cerca de 7 milhões de pessoas sobem um lance de escadas para o parque urbano, que se estende por 23 quarteirões, do novo Whitney Museum até o Hudson Yards. De acordo com uma análise feita pela empresa de dados móveis Alexander Babbage, os visitantes passaram uma média de 94 minutos na via verde no ano passado. Essa estada prolongada pode ser fundamental para o sucesso do novo shopping, que apresenta um destino espaçoso e brilhante para quem quiser beber ou comer algo ou até mesmo só ir ao banheiro. Uma vez lá dentro, a esperança é que o dinheiro comece a fluir.

Webber Hudson, vice-presidente executivo da Related, não parece muito preocupado. O que tornará o The Shops um sucesso, disse ele, é a variedade de lojas e o atendimento ao cliente. Funcionários de terno e armados com iPads ajudarão os compradores a circular pelo complexo, a fazer reservas para o jantar, a comprar ingressos ou a enviar itens comprados para casa.

"Nossa oferta será o toque humano", disse Hudson, que administra o leasing de varejo do shopping. "Será um grupo de atendimento ao cliente que não vai ficar sentado atrás de um balcão e que estará percorrendo o projeto o tempo todo."