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Canadá expande proteções para recifes raros feitos de vidro

James Munson

08/03/2019 15h00

(Bloomberg) -- O Canadá ampliou as proteções para um raro recife oceânico feito de esponjas marinhas que se pensava terem desaparecido com os dinossauros.

Os recifes de esponjas de vidro -- que têm esse nome porque são compostas de sílica -- são, na maior parte, encontrados só na costa do Pacífico do Canadá, disse Sabine Jessen, conservacionista que trabalha pela proteção dos recifes, à Bloomberg Environment.

O ministro da Pesca e dos Oceanos do Canadá, Jonathan Wilkinson, anunciou em 6 de março que uma nova área de 3,5 quilômetros quadrados será fechada para a pesca para proteger os recifes, que se estilhaçam facilmente quando tocados por armadilhas ou outros equipamentos de pesca que são baixados para o fundo do mar.

"Esta tem sido uma tarefa muito difícil, mas estamos chegando lá", disse Jessen, que é diretora nacional do programa da Canadian Parks and Wilderness Society para os oceanos.

Brinde às proteções

O Ministério da Pesca e dos Oceanos do Canadá protegeu nove recifes de esponjas de vidro em 2016 e selecionou mais nove para esta última rodada de proteções, disse Wilkinson à Bloomberg Environment, em entrevista, em 6 de março.

"Trata-se de uma expansão de proteções para organismos biológicos praticamente únicos", disse Wilkinson.

As autoridades canadenses descobriram os primeiros recifes de esponjas de vidro vivos no Estreito de Hecate, na Colúmbia Britânica, no fim da década de 1990, quando mapeavam o fundo do mar, disse Jessen.

Um recife de vidro criou um famoso sistema de falésias no vale do rio Danúbio, na Alemanha, há cerca de 200 milhões de anos, mas os especialistas acreditavam que essas criaturas estavam extintas.

Os recifes da Colúmbia Britânica podem ter a altura de um prédio de oito andares e uma extensão de até 20 quilômetros, disse Jessen. Alguns tiveram a idade determinada em 9.000 anos, acrescentou.

Na mão, as esponjas parecem um merengue ou uma bolacha, disse.

Criaturas únicas

Há esponjas de vidro individuais em outras partes do mundo, mas os únicos recifes conhecidos estão no Canadá, além de alguns nas proximidades da ponta sul do panhandle (faixa estreita de terra) do Alasca, disse a doutora Sally Leys, bióloga da Universidade de Alberta, à Bloomberg Environment, em entrevista, em 7 de março.

Especialistas acreditam que o motivo seja a combinação da sílica dos rios originários das Montanhas Rochosas, água fria e vida marinha abundante, disse Leys.

As esponjas desempenham um papel crítico no ecossistema, filtrando as bactérias da água do mar e liberando uma amônia rica em nitrogênio que alimenta o fitoplâncton. Além disso, os recifes criam abrigos para outros 84 animais, como camarões, caranguejos e peixes, segundo a Canadian Parks and Wilderness Society.

Os recifes são formados quando as esponjas morrem deixando para trás seu esqueleto baseado em sílica, e então crescem para cima sobre o esqueleto. As esponjas têm outras propriedades únicas, incluindo o uso de sinais elétricos para controlar a água que flui através delas, disse Leys. A maioria das esponjas não tem sistema nervoso.

Fibra óptica

Os recifes de esponja de vidro também podem algum dia mudar a maneira de fazer fibra óptica, disse ela. Para fazer fibra óptica é necessário muito calor, mas as esponjas criam seus esqueletos a temperaturas muito baixas, o que estimula o interesse de pesquisadores que estão tentando entender como eles crescem.

Os recifes também têm valor para os mergulhadores e turistas que têm a sorte de vê-los, disse Leys.