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Mulheres ainda não ocupam espaço em maior evento do petróleo

Rachel Adams-Heard

11/03/2019 11h50

(Bloomberg) -- O que ministros do Petróleo, cantores de rap e os gêmeosWinklevoss têm em comum? Todos estão passando pelo Texas nestes dias, participando de conferências muito diferentes.

Na cidade de Austin, A$AP Rocky, rapper originário do Harlem, em Nova York, e o presidente da Vox Media, Jim Bankoff, batem ponto no SXSW ? festival de música que se transformou em uma celebração de arte, tecnologia, comércio e branding. Em outra cidade texana, Houston, o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Al Mazrouei, e o presidente da BP, Bob Dudley, se encontram na CERAWeek, a conferência de maior prestígio do setor no Ocidente, organizada pela IHS Markit.

Uma das diferenças gritantes entre os dois eventos com uma semana de duração é a presença de palestrantes do sexo feminino. No SXSW, entre 190 palestrantes, 39 por cento são mulheres. Na conferência em Houston, elas são apenas 15 por cento.

O quadro reflete a escassez de executivas no setor de petróleo e gás. Entre as principais empresas de exploração com sede nos EUA, somente a Occidental Petroleum é comandada por uma mulher, Vicki Hollub.

Conferências como a CERAWeek podem influenciar criticamente essa participação, fazendo um esforço deliberado para colocar mulheres na agenda. A organizadora, a consultoria internacional IHS Markit, diz que está tentando. Neste ano, foi criado um painel sobre mulheres no setor que antes só era aberto a convidados.

As empresas patrocinadoras podem trazer de três a cinco funcionárias que não tiverem ingressos para a semana toda, de acordo com Sue Lena Thompson, responsável pelo programa CERAWeek's Women in Energy, da IHS Markit. Essas companhias também recebem dois ingressos adicionais para mulheres que nunca estiveram no evento participarem de toda a CERAWeek, o que normalmente custa US$ 8.500 por cabeça.

No pódio, o percentual de mulheres teve alta mínima. No ano passado, as mulheres representavam 15 por cento dos palestrantes da CERAWeek e agora são 16 por cento.

Thompson afirma que as companhias do setor sabem que precisam fazer mais para promover profissionais do sexo feminino.

O Instituto Americano de Petróleo oferece uma recepção para mulheres do setor em um restaurante próximo ao centro de convenções. No ano passado, houve pressão por mais mulheres porque os três primeiros palestrantes do evento eram homens. Neste ano, irão falar Amanda Eversole, vice-presidente executiva do instituto, e Maria Claudia Borras, presidente da divisão de serviços em campos de petróleo da Baker Hughes.

Ainda assim, as mulheres preferem ver mais diversidade no palco principal, não apenas em painéis e jantares dedicados a elas.

"Você vai a uma conferência para ouvir conteúdo sobre seu trabalho diário", disse Leslie Shockley Beyer, presidente da Associação de Equipamentos e Serviços para Petróleo, em conversa nos corredores da conferência HERWorld, em Houston, na semana passada. "Você não quer necessariamente falar sobre questões femininas. Você quer conteúdo para desempenhar melhor suas funções diárias."

Thompson tem o mesmo objetivo, mas acha que, por ora, o assunto precisa ser colocado em destaque. "Ainda não chegamos lá."

Beyer se diz mais inclinada a aceitar convites como palestrante se o tema for relacionado a campos de petróleo. "Eu só quero falar sobre o trabalho", enfatizou a executiva.

--Com a colaboração de Kelly Gilblom.