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Miniparque solar flutua sobre barragem de rejeitos do cobre

Laura Millan Lombrana

15/03/2019 14h48

(Bloomberg) -- O Chile encontrou um novo uso para as barragens que armazenam os rejeitos líquidos das enormes operações de extração de cobre: a geração de energia.

A Anglo American instalou 256 painéis fotovoltaicos na barragem de rejeitos do complexo Los Bronces, no Chile, segundo a empresa o primeiro projeto do tipo no mundo. Os painéis flutuam sobre minerais moídos potencialmente tóxicos e efluentes do solo extraídos de rochas escavadas na mina. O projeto-piloto deverá gerar 150.000 quilowatts-hora por ano e ajudar a abastecer as operações no local, anunciou a empresa em comunicado divulgado na quinta-feira.

Embora no todo a quantidade de energia seja pequena, o ministro de Mineração do Chile, Baldo Prokurica, classifica o projeto solar como mais um exemplo da liderança do país -- o maior produtor de cobre do mundo -- no aperfeiçoamento do tratamento dos resíduos pelas mineradoras. O Chile foi o primeiro país a proibir as chamadas barragens a montante, de manutenção mais barata, que provocaram acidentes fatais como o do rompimento de uma barragem em uma mina da Vale no Brasil que matou pelo menos 180 pessoas em janeiro.

"Estamos avançando em direção a uma atividade de mineração mais sustentável, desenvolvendo ativamente novas soluções e estimulando outras formas de pensar e de trabalhar", disse Patricio Chacana, vice-presidente de operações da Los Bronces.

Os painéis na Los Bronces foram especialmente projetados para suportar as condições extremas da Cordilheira dos Andes, onde a mina está localizada. Os painéis podem receber ventos de 210 quilômetros por hora, segundo a empresa.

Preservação da água

Outra vantagem: segundo a Anglo, os painéis protegerão o líquido da barragem da luz solar direta, reduzindo a evaporação em 80 por cento e melhorando o índice de recuperação da água. A água reciclada representa cerca de 45 por cento da demanda total por água de uma operação.

Além do projeto de energia solar, o governo do Chile também estuda iniciar um piloto para monitorar as operações dos depósitos de rejeitos ao vivo, disse Prokurica. As comunidades locais receberiam alertas por telefone se ocorresse uma emergência em uma das barragens, disse. O país já regula a distância mínima entre os centros urbanos e os depósitos de rejeitos de mineração.