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Hermès é nova vítima da informalidade na moda masculina

Robert Williams e Thomas Mulier

20/03/2019 14h11

(Bloomberg) -- A Hermès International é a mais nova vítima na indústria da moda das roupas masculinas informais. A companhia sinalizou fraqueza em seus negócios de seda, já que as gravatas estão perdendo seu encanto.

As receitas obtidas com seda e têxteis aumentaram 3 por cento em 2018, o crescimento mais lento entre as unidades de negócios da fabricante francesa de artigos de luxo. O CEO, Axel Dumas, disse nesta quarta-feira que a empresa vem mudando a produção para se ajustar às novas preferências dos homens.

"Há um declínio estrutural" nas gravatas, disse Dumas em uma conferência com jornalistas. "Temos muitas novidades por vir. Estamos lançando mais lenços para homens."

Em um momento em que o Goldman Sachs Group estimula um código de vestimenta mais livre, as fabricantes de roupas formais vêm mudando de rumo para conservar o crescimento das vendas. O CEO da Hugo Boss, Mark Langer, disse no começo do mês que os códigos de vestimenta masculinos nunca voltarão ao rigor da década de 1990, e por isso a companhia está se diversificando para que seu portfólio inclua mais suéteres e sapatos informais, em vez de se concentrar tanto nos ternos.

Produtos de couro de alta qualidade para o público feminino, como as bolsas Birkin e Kelly, que custam mais de US$ 10.000, dominam o balanço da Hermès. No entanto, as gravatas são há muito tempo um motor fundamental dos negócios da empresa na moda masculina, já que os cavalheiros podem exibir estampas de cavalos saltando ou de "Hs" interligados no escritório por um preço mais modesto de US$ 195.

A Hermès vem promovendo sua mistura de cashmere e seda para homens, na esperança de conquistá-los com produtos como o Last Night Scarf, de US$ 780, com a estampa de um toca-discos de DJ. A empresa também ocasionalmente organiza festas e eventos onde os clientes aprendem a amarrar lenços enquanto se divertem com música e champanhe.

A fabricante francesa das bolsas Birkin também informou que a demanda dos consumidores chineses continuou aumentando no início do ano, depois de o lucro operacional ter subido 6 por cento em 2018, e sua margem continuou sendo a mais alta entre as fabricantes de artigos de luxo. A empresa elevou os preços globalmente em cerca de 3 por cento em média no ano passado.

Repórteres da matéria original: Robert Williams em Paris, rwilliams323@bloomberg.net;Thomas Mulier em Geneva, tmulier@bloomberg.net