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Emissão global de carbono vai à recorde com demanda por energia

Mathew Carr e Jeremy Hodges

26/03/2019 15h20

(Bloomberg) -- As emissões de carbono geradas pelo uso de combustíveis fósseis bateram o recorde no ano passado depois que a demanda por energia cresceu no ritmo mais acelerado em uma década, refletindo o consumo maior de petróleo nos EUA e a queima maior de carvão na China e na Índia.

As conclusões da Agência Internacional de Energia (AIE) representam um revés no esforço para frear a poluição responsável pelo aquecimento global apenas três anos depois do histórico acordo de Paris, no qual todos os países se comprometeram a reduzir as emissões.

Os números mostraram que o gás natural está se transformando no combustível preferido de fábricas e empresas de serviços públicos e que o ritmo de instalação de formas renováveis de energia está ficando para trás. O relatório também indicou a força da expansão econômica global no ano passado, com aumentos no consumo de eletricidade, principalmente nos EUA.

"Temos visto um crescimento espetacular da economia nos EUA", disse Fatih Birol, diretor-executivo da instituição com sede em Paris que assessora países em política energética. "Temos visto diversos novos projetos petroquímicos entrarem em operação."

A demanda por energia cresceu 2,3 por cento no ano passado, maior avanço em uma década, segundo a AIE. A agência revelou um recorde de 33 gigatoneladas de emissões de carbono pela energia, um aumento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior. A demanda global por eletricidade subiu 4 por cento e foi responsável por metade do crescimento da demanda global por energia.

A demanda global por carvão cresceu pelo segundo ano consecutivo em 2018, impulsionada pelo apetite da Ásia pelo combustível fóssil mais sujo. Apesar da queda de participação na matriz energética global, o carvão continua sendo a maior fonte de eletricidade do mundo. O uso do gás natural subiu 4,6 por cento, seu crescimento mais rápido desde 2010.

Os EUA aumentaram o uso de derivados de petróleo a um ritmo mais rápido do que o de qualquer outro país pela primeira vez em 20 anos, superando a China. Os EUA elevaram o consumo de petróleo em 540.000 barris por dia, um quinto a mais do que a China, apesar de o país asiático ter quatro vezes a população americana e estar avançando rumo a um modelo com menor uso de petróleo para melhorar a qualidade do ar em suas cidades.

"A demanda por petróleo na Europa permaneceu estagnada devido à desaceleração da atividade econômica e ao aumento dos preços", afirmou a AIE no relatório. "A Alemanha registrou forte declínio na demanda por petróleo", que caiu 5,4 por cento em 2018.

O ritmo das melhorias de eficiência energética diminuiu e o crescimento das energias renováveis não acompanhou o aumento da demanda por eletricidade, caindo para menos de 50 por cento das novas ofertas de energia no ano passado.

A produção global de gases causadores do efeito estufa por fontes relacionadas à energia atingiu um nível recorde depois que a demanda por energia subiu ao ritmo mais rápido em uma década.

"O crescimento das energias renováveis não está acompanhando a eletrificação da nossa sociedade", disse Birol, em conferência com jornalistas. "Precisamos ver mais apoio para as energias renováveis."

--Com a colaboração de Grant Smith.

Repórteres da matéria original: Mathew Carr em London, m.carr@bloomberg.net;Jeremy Hodges em Londres, jhodges17@bloomberg.net