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Recuperação do petróleo reflete estratégia acertada da Opep

Grant Smith

09/04/2019 15h23

(Bloomberg) -- Se há uma conclusão a ser tirada do fato de o barril de petróleo ter voltado à casa dos US$ 70, é que a Opep aprendeu com seus erros.

A recuperação das cotações do petróleo para o maior nível em quatro meses foi em grande parte impulsionada por cortes de produção realizados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e por seus parceiros, uma coalizão que extrai cerca da metade do petróleo mundial. É uma estratégia adotada anteriormente em 2017 - mas, embora a iniciativa não tenha alcançado o resultado esperado inicialmente, desta vez o impacto foi quase imediato.

O maior sucesso da aliança reflete como seu líder de fato, a Arábia Saudita, aprendeu com os erros cometidos há dois anos. O país aperfeiçoou sua implementação - tornando os cortes mais proativos, mais profundos e focados especificamente no mercado que mais importa.

"Executaram isso muito bem", disse Helima Croft, estrategista-chefe de commodities da RBC Capital Markets LLC, em Nova York. "A mensagem foi consistente, a ação foi resoluta."

Ao cortar a oferta, a Opep e seus aliados impediram o ressurgimento de um excedente devido à expansão da produção de xisto dos Estados Unidos e à desaceleração da economia global. Como resultado, os preços do petróleo subiram 27% em Londres no primeiro trimestre, a maior alta em quase uma década. Negociado em torno de US$ 70 o barril, o petróleo está se aproximando dos níveis que sauditas e outros membros da Opep precisam para cobrir os gastos do governo.

É certo que a alta do petróleo tem muito a ver com medidas não planejadas pela Opep, já que as exportações dos países membros Venezuela e Irã diminuíram em meio às crises políticas e econômicas. Mas, como os sauditas continuam a restringir a oferta, mesmo quando as perdas se acumulam em outros lugares, o maior impulso parece ser a determinação de Riad.

"Não acho que sorte tenha algo a ver com isso", disse Mike Wittner, chefe de pesquisa de mercado de petróleo do Société Générale. "Os sauditas têm sido muito agressivos em sua gestão da oferta. Muito determinados e também muito transparentes. "

A Opep firmou sua parceria com não membros como Rússia e Cazaquistão, a coalizão de 24 países agora chamada Opep+, no final de 2016. Mas, nas últimas semanas daquele ano, os maiores fornecedores elevaram a produção de petróleo para maximizar as vendas antes do acordo para reduzir a oferta entrar em vigor. Como resultado, os estoques continuaram a aumentar, e os preços caíram 16% no primeiro semestre de 2017, mesmo com cortes na produção.

Desta vez, no entanto, a Arábia Saudita mostrou mais disciplina, fazendo o maior corte da produção em dois anos em dezembro - antes da entrada em vigor do novo acordo da Opep+. O país também mostrou disposição para fazer cortes na oferta ainda maiores do que o prometido, com uma produção de 9,82 milhões de barris por dia em março, o nível mais baixo em quatro anos.

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net