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Mercado chinês de carro elétrico vê risco de saturação

Bloomberg News

15/04/2019 11h57Atualizada em 17/05/2019 14h01

(Bloomberg) -- Uma fabricante de iPhones, uma varejista de comércio eletrônico e uma incorporadora do setor imobiliário normalmente não competem no mesmo negócio - exceto quando se trata de veículos elétricos na China.

O movimento reflete uma mudança sísmica apontando para os veículos elétricos (VE), que tem estimulado bilhões de dólares em investimentos de montadoras tradicionais, startups e titãs dos setores de Internet, eletroeletrônico e imobiliário. A corrida continua, mesmo com o corte de subsídios do governo que estimularam a indústria no início.

Existem atualmente 486 fabricantes de veículos elétricos registrados na China, mais que o triplo do total de dois anos atrás. Embora as vendas de veículos elétricos de passageiros sejam estimadas em um recorde de 1,6 milhão de unidades este ano, o volume não deve ser suficiente para manter todas as linhas de montagem operando, um alerta de que o crescente mercado de veículos elétricos poderia estourar e deixar para trás apenas alguns sobreviventes.

"Veremos grandes ondas varrendo areia na indústria de VE", disse Thomas Fang, sócio e consultor de estratégia da Roland Berger, em Xangai. "É um momento crítico que decidirá a vida ou morte das startups de VE."

Pelo menos duas dúzias dessas marcas de carros elétricos apresentarão modelos no Salão do Automóvel de Xangai que começa esta semana. Possuem diferentes graus de especialização, como a novata Qiantu Motor, a NIO, startup negociada nos EUA, e a empresa chinesa privada BYD.

Várias startups entraram no mercado global de VE nos últimos anos, com captação de US$ 18 bilhões desde 2011, de acordo com a BloombergNEF. A maioria das empresas que buscaram recursos no mercado são chinesas, como a NIO, Motor WM, Xpeng Motors e Youxia Motors.

As startups prometem atingir uma capacidade de produção conjunta de 3,9 milhões de veículos por ano. O volume exclui os planos de algumas das maiores montadoras do mundo.

No entanto, as vendas de veículos elétricos respondem por apenas 4% do total vendido no segmento de passageiros na China, que soma 23,7 milhões de unidades, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.

Ao mesmo tempo, as vendas de carros tradicionais estão em queda livre, tendo registrado queda pelo décimo mês consecutivo em março, com a desaceleração da economia e tensões comerciais com os EUA pesando na confiança dos consumidores.

Até 2025, as autoridades chinesas querem que as vendas anuais de veículos de nova energia - que incluem elétricos movidos por bateria, híbridos plug-in e carros movidos a célula de combustível - atinjam 7 milhões de unidades. O número equivale a cerca de 20% do mercado total de automóveis da China.

Esse volume mal sustentaria a produção de algumas dezenas de empresas - e não centenas. Uma montadora normalmente precisa produzir pelo menos dezenas de milhares de veículos por ano para ser rentável.

Além disso, há também uma enxurrada de gigantes globais, como Tesla, Volkswagen e Ford Motor, todas com planos de inundar o mercado com veículos elétricos produzidos localmente.

A empresa de Elon Musk começou a vender seu primeiro modelo de larga escala na China este ano e planeja iniciar a fabricação de veículos em Xangai até dezembro. A Tesla vendeu 14.467 veículos na China em 2018, segundo o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação.

A Toyota Motor, Fiat Chrysler Automobiles, Honda Motor e Mitsubishi Motors optaram pela via mais rápida: todas planejam vender o que é essencialmente o mesmo carro, projetado pela Guangzhou Automobile.

--Com a colaboração de Yan Zhang e Ma Jie.

To contact Bloomberg News staff for this story: Ying Tian em Pequim, ytian@bloomberg.net

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Errata: este conteúdo foi atualizado
O texto informava incorretamente que a empresa chinesa BYD é estatal. A empresa é privada. A informação foi corrigida.