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Iogurte viking desbanca o grego e reanima fazendeiros nos EUA

Leslie Patton

17/04/2019 13h57

(Bloomberg) -- O que tem bastante proteína, pouco açúcar e é perfeito para o momento difícil da indústria de laticínios dos EUA?

É o skyr, o iogurte da Islândia, que veio contrabalançar a perda do entusiasmo pelo iogurte grego após uma ascensão meteórica. Os criadores de gado leiteiro torcem para que a novidade ajude a reverter anos de demanda fraca. Um grande motivo para a empolgação dos criadores: quatro litros de leite são usados para produzir um litro de iogurte islandês ? quatro vezes mais do que o necessário para fazer o iogurte tradicional.

As fazendas leiteiras dos EUA precisam de boas notícias. Há mais de quatro anos, o preço do leite no varejo fica abaixo do esperado e os criadores reagem abatendo mais vacas do que podem substituir. Em julho, o preço do galão (3,78 litros) de leite integral chegou a US$ 2,84, o menor desde pelo menos 2007, segundo o Departamento de Agricultura (USDA). Agora em março, o preço ficou abaixo de US$ 3 pelo 15º mês consecutivo.

Com o iogurte islandês, a história é diferente. As vendas nos 12 meses até fevereiro deram um salto de 24 por cento e somaram US$ 173,9 milhões, segundo dados da Nielsen.

A invasão viking é "uma das poucas coisas boas" no setor, disse o presidente da Icelandic Provisions, Mark Alexander, que assumiu o comando há dois meses, vindo da Campbell Soup, onde foi responsável pela aquisição e expansão da linha de papinhas para bebês Plum Organics.

Ele espera repetir a façanha na nova empresa, que tem três anos de idade, mas conseguiu dobrar as vendas em todos os trimestres do ano passado.

A Siggi, outra fabricante de skyr, também sonha com o crescimento. A empresa compra leite de fazendas localizadas nos Estados de Nova York, Wisconsin e Pensilvânia.

O iogurte islandês é mais espesso do que o grego porque separa a água e o soro do leite, retendo mais material sólido.

"O iogurte grego foi um sopro de vida na categoria, mas houve pouca inovação desde que foi introduzido", disse Darren Seifer, analista do setor de alimentos e bebidas da firma de pesquisas NPD Group.

O skyr ainda é um produto de nicho em um mercado maduro e é cedo para apostar em sua capacidade de impulsionar as vendas totais de iogurte. O consumo anual de iogurte nos EUA vem caindo desde 2014. O consumo médio no país foi de 6,2 quilogramas por pessoa em 2017, segundo os dados mais recentes do USDA. Um terço da população nunca compra iogurte.

Iogurtes mais espessos e cremosos como o skyr parecem ter vantagem sobre os mais ralos e doces. Uma embalagem de 150 gramas da Danone com morangos no fundo contém 22 gramas de açúcar. Uma embalagem do mesmo tamanho da Siggi tem metade do açúcar e o triplo de proteína. Isso atrai consumidores nos EUA.

Tendência

O sucesso do iogurte grego desencadeou buscas ao redor do mundo, na esperança de que alguma outra modalidade vire moda. Uma tentativa é o quark, que tem origem na Bavária e é produzido nos EUA pela Commonwealth Dairy, que descreve o produto como um "casamento entre o iogurte e o cream cheese" em seu website.

Também chegaram ao mercado americano a versão francesa, vendida pela General Mills, e a da Bulgária, acondicionada em jarras de vidro que, segundo a fabricante White Mountain Foods, preservam o sabor melhor do que embalagens de plástico.

--Com a colaboração de Deena Shanker e Sophie Caronello.