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Doença na China encarece carne suína nos EUA e Europa

Irene García Pérez e Áine Quinn

18/04/2019 16h15

(Bloomberg) -- A costela do churrasco, o chouriço e a linguiça alemã podem sair mais caro nos próximos meses, com a disparada dos preços da carne suína por causa do vírus que está dizimando o setor na China.

Frigoríficos do mundo todo estão vendendo mais carne suína para a China para compensar a falta de produto em consequência da peste suína africana. A redução da oferta disponível nos EUA e Europa eleva os preços. A tendência deve se manter porque a doença se alastra rapidamente pela China, país que mais produz e consome carne suína no planeta.

O preço do presunto nos supermercados dos EUA atingiu em março o maior nível desde 2015, segundo o Departamento de Agricultura. Na União Europeia, o preço do porco no atacado avançou 16 por cento em dois meses.

Na China, o efeito é mais severo. O preço da carne suína pode aumentar mais de 70 por cento no segundo semestre, de acordo com um representante do Ministério da Agricultura.

"Parte da carne que ia para os EUA agora vai para a China, que paga mais", disse Jens Munk Ebbesen, diretor de segurança alimentar e assuntos veterinários do Conselho de Agricultura e Alimentação da Dinamarca.

Além de abalar o setor de carnes da China, a doença tem efeitos de longo alcance, como o aumento dos preços de alimentos e da demanda por alternativas como frango e carne bovina. A produção suína do país pode desabar 30 por cento neste ano, segundo relatório do Rabobank International.

A China fez recentemente sua maior compra semanal de carne suína dos EUA.

"A peste suína africana desencadeou a valorização de empresas de proteína animal em todo o mundo, mas não é tarde para comprar esses papéis", segundo relatório que o Morgan Stanley enviou a clientes nesta semana. "Achamos que a valorização apenas começou e que os impactos de longo prazo da peste suína africana ainda não são compreendidos", acrescentou o estudo, elaborado por analistas do banco liderados por Rafael Shin.

A demanda adicional tende a beneficiar os fazendeiros, que podem vender os animais por valor maior. Eles também podem acelerar a reprodução do rebanho, mas o processo leva tempo.

"Será um bom momento para os produtores", disse Didier Delzescaux, diretor do conselho de suinocultura da França (Inaporc).

Não somente a China enfrenta a disseminação da doença. Na Europa, o temor é que o vírus ? detectado em javalis selvagens na Bélgica no ano passado ? infecte porcos domésticos em grandes nações exportadoras, como França e Alemanha.

A França está construindo uma cerca de dezenas de quilômetros perto da fronteira para conter a doença.

--Com a colaboração de Megan Durisin, Michael Hirtzer, Leslie Patton e Vinícius Andrade.

Repórteres da matéria original: Irene García Pérez em Londres, igarciaperez@bloomberg.net;Áine Quinn em Londres, aquinn38@bloomberg.net