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Sinal verde da China para carvão não vai provocar novo boom

Bloomberg News

22/04/2019 16h20

(Bloomberg) -- O sinal verde que a China deu para a construção de mais usinas de energia movidas a carvão provavelmente não dará início a uma avalanche de novas construções, já que a maioria das políticas e investimentos no principal consumidor de energia tenderá para fontes renováveis.

Mais de 10 regiões não serão mais consideradas "excesso de capacidade" em 2022, eliminando um obstáculo para que retomem a construção de usinas a carvão. Mas muitas das maiores empresas de energia do país vivem do impulso do estado para desenvolver mais projetos de energia limpa, de acordo com a Morningstar, que acredita que o crescimento na capacidade de usinas a carvão retarde outras fontes.

"A rentabilidade das usinas movidas a carvão é tão baixa que não há incentivo para que mais sejam construídas", disse Jennifer Song, analista da Morningstar. "A China como um todo definiu metas de consumo para fontes de energia renováveis. Podemos ver que esses grandes grupos do setor energético também têm cotas para construir mais projetos renováveis".

Empresas e governos estão acompanhando os esforços da China para transformar seu mix de energia, já que a enorme escala o país poderia moldar as tendências globais e estimular uma transição mais rápida para a energia renovável. Em sua batalha contra a poluição, a China gastou mais em energia renovável do que qualquer outro país e liderou uma campanha para usar gás em vez de carvão. No entanto, o país ainda está injetando dinheiro internamente e no exterior para a geração de usinas a carvão e a previsão feita pela Agência Internacional de Energia é que os chineses continuem consumindo cerca de metade do carvão mundial até 2023.

As áreas liberadas para a construção de novas usinas a carvão incluem Hebei, Qinghai, Chongqing, Guangxi, Guangdong, Yunnan, Guizhou e Henan, de acordo com a NEA. Esse fato não muda as previsões da Everbright Sun Hung Kai para o aumento de capacidade na China, e o analista Tian Miao diz que o país cortou investimentos em energia de carvão há vários anos.

Na segunda-feira, os dados mostraram que o investimento da China durante o período de janeiro a março nas usinas termelétricas, que consistem principalmente de geradores a carvão, caiu 30% em relação ao ano anterior. Por outro lado, os gastos com projetos de energia hidrelétrica e eólica aumentaram 48% e 30%, respectivamente.

"A maior parte do gasto de capital planejado pelas usinas a carvão será em energia renovável", disse Song Qiuyi, analista da Capital Securities, empresa sediada em Xangai, acrescentando que a última avaliação da NEA não mudará a situação.

--Com a colaboração de Dan Murtaugh.

To contact Bloomberg News staff for this story: Feifei Shen em Pequim, fshen11@bloomberg.net;Jing Yang em Xangai, jyang251@bloomberg.net