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Custo de pesquisa de investimento varia de US$ 1.600 a US$ 1 mi

Justina Lee

23/04/2019 16h39

(Bloomberg) -- Quanto custa pesquisa para investidores institucionais? Entre US$ 1.600 e US$ 1 milhão por cliente.

Os pagamentos anuais feitos por investidores institucionais a fornecedores de pesquisas tiveram essa variação toda, segundo estudo recém-divulgado pela consultoria americana Integrity Research Associates. A análise joga alguma luz sobre o mistério dos preços definidos para pesquisas após a implementação em 2018 da Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros da União Europeia (conhecida pela sigla MiFID II), que obriga investidores a separar esses desembolsos das taxas que incidem sobre a negociação de ativos.

O levantamento mostra que firmas de pesquisa da Europa estão ganhando menos do que em outras partes do mundo, reforçando sinais de que as novas regras reduziram os orçamentos para análise de ações e títulos. Quando escolhem pagar pelas pesquisas do próprio bolso (e não transferir a conta para a clientela), gestoras de recursos da região disputam cada centavo com os fornecedores.

Em geral, o preço para leitura dos relatórios é fixo, mas todo o resto ? conversas com analistas, modelagem financeira customizada, conferências ? é negociável, o que implica intervalo mais amplo de custos.

"No fim das contas, o preço explícito se resumiu à taxa de adesão e à pesquisa por escrito", afirmou Sanford Bragg, líder da Integrity Research, em entrevista. "Ainda é uma função daquela negociação e obviamente a tendência desde a crise financeira global é que investidores institucionais paguem menos."

A experiência europeia é particularmente relevante porque os órgãos reguladores dos EUA estão sendo pressionados a adotar regras semelhantes para dar maior transparência às taxas. O estudo também mostra que os bancos recebem mais dos clientes do que fornecedores independentes de pesquisas, fortalecendo o argumento de que o desmembramento das despesas colocou os menores em desvantagem. O levantamento foi realizado globalmente junto a 141 fornecedores.

Abertura regional

O estudo corrobora indicações de que MiFID II exerce pressão sobre a quantia que fornecedores europeus de pesquisas cobram de clientes. O pagamento mediano na região foi US$ 25.000 ? 40 por cento menos que na América do Norte e 29 por cento menos que na Ásia.

Modelo de preços

O modelo de assinatura vem ganhando espaço dentro de uma variedade de estruturas de taxas. Entre os entrevistados, 87 por cento cobram assinaturas, comparado a 60 por cento no levantamento feito pela Integrity no início de 2017, antes de MiFID II entrar em vigor. Mas os bancos não ganham tanto dinheiro com isso. Geralmente as assinaturas se aplicam a pesquisas por escrito, mas os clientes mais valiosos pagam taxas variáveis por serviços mais sofisticados, como acesso a analistas, segundo a Integrity. Muitos fornecedores de pesquisas ainda usam uma abordagem na qual o comprador define o preço. Alguns cobram por hora ou projeto.

Fornecedores independentes versus bancos de investimento

Fornecedores independentes de pesquisas pedem que autoridades reguladoras combatam os preços "predatórios" supostamente praticados por bancos de investimento. O estudo mostra que bancos cobram assinatura mediana de US$ 14.000, enquanto os empreendimentos independentes cobram US$ 30.500. Todavia, os bancos recebem mais dos clientes porque oferecem outros serviços. O pagamento total máximo mediano por cliente atingiu US$ 300.000, o dobro do montante que chega aos independentes. Sob MiFID II, muitos bancos usam relatórios baratos como isca para atrair clientes para serviços mais caros, explicou Bragg.

Método de pagamento

Com base em informações sobre medianas, 60 por cento da receita das pesquisas vem na forma de dinheiro à vista, 30 por cento de acordos de compartilhamento de comissões e 10 por cento de comissões direcionadas.

Extras

Quanto custa conversar com um analista? Pode ser de US$ 100 a US$ 5.000 por hora. Para eventos, de US$ 100 a US$ 100.000.

Tipos de pesquisa

As mais baratas são pesquisas técnicas e macroeconômicas. Saem mais caro os dados alternativos e as pesquisas quantitativas. Quem cobra por avaliação macroeconômica pode estar em desvantagem porque MiFID II permite pesquisas gratuitas, contanto que sejam disponibilizadas ao público, e muitos bancos europeus decidiram distribuir relatórios macroeconômicos de graça, segundo a Integrity.

--Com a colaboração de Sheldon Reback.