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Piora de margem estimula consolidação do setor de etanol nos EUA

Isis Almeida

25/04/2019 16h14

(Bloomberg) -- Uma onda de consolidação no setor de etanol dos Estados Unidos está longe de acabar diante dos piores retornos em uma década, segundo a trading de grãos e operadora de usinas de etanol The Andersons.

A margens do segmento encolheram com a guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump, que afetou as vendas para a China, aumentando ainda mais o excesso de oferta do biocombustível à base de milho. As novas barreiras encolheram o lucro da gigante do agronegócio Archer-Daniels-Midland e levaram a Pacific Ethanol a considerar a venda de suas usinas no estado de Nebraska. A Green Plans também tenta vender mais usinas à medida que foca suas operações em proteínas.

"Há muitas usinas publicamente à venda; você pode vê-las e entender por que o negócio está tão difícil", disse James Pirolli, que comanda a divisão de etanol da Andersons, em entrevista por telefone. "Você vai continuar a ver alguma consolidação, mas isso é natural, dado esse ambiente de margem."

Os preços do etanol estão próximos do menor nível em uma década, e as margens estavam um pouco acima do ponto de equilíbrio de 15 centavos de dólar por galão (3,8 litros) na terça-feira diante dos altos estoques, segundo a AgResource. O preço se compara aos 25 centavos de dólar por galão no ano passado e é o menor para esta época do ano desde 2009, disse Ben Buckner, analista da empresa.

No ano passado, a Valero Energy, segunda maior refinadora de petróleo dos EUA em capacidade, fechou um acordo para a compra de três usinas de etanol da Green Plains por US$ 319 milhões. A venda representou cerca de 20% da capacidade da quarta maior produtora do combustível. A ADM, Poet e Valero são as maiores produtoras dos EUA, com cerca de 1,7 bilhão de galões de capacidade anual cada.

A Andersons, que comprou recentemente a Lansing Trade, não quis comentar se tem interesse em adquirir alguma das usinas que estão à venda. A empresa já opera usinas de biocombustíveis em Michigan, Indiana, Ohio e Iowa e formou uma joint venture para a construção de uma unidade no Kansas, que deve começar a funcionar em meados deste ano e estar totalmente operacional até o final de 2019.

"Sempre buscamos oportunidades e estamos avaliando tecnologias, oportunidades para crescer e expandir", disse Pirolli. "Temos sido muito diligentes nas decisões que fizemos historicamente. Queremos continuar a expandir esse modelo quando tivermos oportunidades para fazer isso."

Os produtores de etanol dos EUA ampliaram a capacidade de produção nos últimos anos, com foco na crescente demanda, principalmente na China.

As perspectivas para a indústria do etanol poderiam melhorar, caso os EUA chegassem a um acordo comercial com o governo chinês. Há conversas para aumentar as vendas e suspender tarifas antidumping e antisubsídios da China contra grãos secos dos destiladores americanos, um subproduto da produção de etanol usado em rações.

"Temos vários mercados nos quais estamos trabalhando", disse Pirolli. "Há etanol indo para o Brasil, estamos trabalhando no México, na Índia e em vários países do sudeste da Ásia. A China é a que tem a infraestrutura e capacidade de importar quantidades significativas de etanol rapidamente."

--Com a colaboração de Mario Parker.

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net