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Motoristas do Uber fazem protesto global às vésperas de IPO

Anne VanderMey

08/05/2019 10h21

(Bloomberg) -- As tensões entre motoristas e empresas de aplicativos de transporte voltam a ganhar força. Motoristas das principais cidades dos EUA e Reino Unido organizam uma paralisação nesta quarta-feira em protesto contra os baixos salários e condições de trabalho precárias.

Anunciado como um protesto internacional antes da oferta pública inicial do Uber programada para esta semana, motoristas em Londres e cidades próximas disseram que iriam desativar seus aplicativos nesta quarta-feira. Nos EUA, grupos de motoristas em Boston, Los Angeles, Nova York, São Francisco e outras grandes cidades prometeram participar da greve e encorajaram os usuários a também boicotar os aplicativos.

No centro da questão estão as antigas disputas entre as empresas de compartilhamento de viagens e motoristas profissionais. Estes alegam que, com a entrada das plataformas no mercado, ficou mais difícil ganhar dinheiro no setor.

Entre as demandas da Aliança de Trabalhadores de Táxi de Nova York, que em grande parte refletem as reivindicações de outros grupos, estão o aumento da estabilidade no emprego, com o fim das "desativações injustas", maiores salários e melhor regulamentação de tarifas, garantindo uma maior comissão para os motoristas.

Alguns grupos também pedem que os motoristas sejam classificados como funcionários, uma mudança que teria profundas implicações para o modelo de negócios de aplicativos de transporte, caso a medida seja aprovada pelos governos.

Para os que acompanharam o IPO da Lyft, que precificou a empresa em US$ 25 bilhões em março, os protestos não são novidade. Quando a Lyft fazia a promoção do IPO para os investidores, manifestantes tentaram fazer piquete no roadshow da empresa e motoristas entraram em greve em San Diego e Los Angeles.

Mas o espetáculo em torno do Uber deve ser ainda maior. A companhia, cujas ações devem estrear na Bolsa de Valores de Nova York na sexta-feira, conta com uma demanda para vender até US$ 9 bilhões em ações em uma operação que avaliaria a empresa em US$ 84 bilhões. A expectativa é que o IPO fique entre os 10 maiores de todos os tempos nos EUA.

Lyft e Uber ofereceram ações do IPO aos motoristas mais leais, mas a boa intenção não diminuiu as tensões. Os planos de IPO irritaram os grupos de motoristas, que acusam as empresas de lucrar com sua situação precária. Em comunicado, um dos organizadores do protesto no Reino Unido, Yaseen Aslam, disse que o IPO da Uber seria uma "orgia internacional sem precedentes de ganância, onde investidores lucram com um dos modelos de negócios mais abusivos que já surgiram no Vale do Silício".

O Uber disse em comunicado na terça-feira que "os motoristas estão no coração de nosso serviço - não podemos ser bem-sucedidos sem eles". A empresa também disse que "continuaria trabalhando para melhorar a experiência para e com os motoristas" e que esses esforços poderiam incluir uma mudança rumo a "ganhos mais consistentes, melhor proteção de seguro" e bolsas de estudo totalmente financiadas para motoristas ou suas famílias.