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Mercado pode estar errado ao apostar em Trump e Powell: NatWest

Christopher Anstey

27/05/2019 11h18

(Bloomberg) -- O consenso entre investidores e estrategistas de renda variável é que Estados Unidos e China podem chegar a um acordo que ponha fim à escalada das restrições comerciais entre as duas maiores economias do mundo. No entanto, uma minoria de especialistas alerta sobre um excesso de otimismo.

Entre eles está James McCormick, chefe global de estratégia da NatWest Markets, de Londres, que monitora os mercados há quase três décadas. Ele diz que ouviu duas objeções principais à sua advertência sobre a decisão de investidores de não descontar uma prolongada guerra comercial entre Estados Unidos e China.

"Tive muitos debates sobre isso nas últimas semanas, alguns bem acalorados", escreveu McCormick em relatório na segunda-feira. "A resistência que enfrento sobre a necessidade de mais descontos no mercado global de ações, especialmente nos EUA, se resume aos argumentos sobre Trump e Powell."

O primeiro se refere à ideia de que o presidente Donald Trump vai resgatar o mercado com um acordo comercial se necessário, dada a importância dada por ele ao desempenho das ações como um critério para avaliar sua administração. O segundo é o conceito de que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, salvaria o mercado com um corte da taxa de juros.

Um problema relevante com os dois argumentos é sua circularidade, destaca McCormick. Em outras palavras, antes que Trump ou Powell socorram o mercado, é preciso que haja uma grande onda vendedora - o tipo de onda de vendedora sobre a qual McCormick está alertando.

Outro desafio: é muito cedo para tomar decisões com base na campanha presidencial de 2020. Por sua parte, Trump não indicou nenhuma urgência em conseguir um acordo nos próximos meses. "Não estamos prontos para fazer um acordo", disse Trump na segunda-feira em Tóquio, acrescentando que as tarifas poderiam subir "muito substancialmente".

Cúpula do G-20

Em relação ao argumento sobre Powell, "o Fed estava muito distante do mercado quanto à possibilidade de um corte das taxas em sua última reunião", disse McCormick. Indicações de uma redução dos juros em 2019 que os mercados futuros estão descontando limitaram-se até agora a autoridades regionais do Fed.

Ações globais se desvalorizaram nas últimas três semanas, mas as perdas foram muito mais suaves do que a onda vendedora no quarto trimestre. O próximo obstáculo será conferir se o governo Trump vai impor tarifas sobre o restante das importações de produtos chineses, segundo McCormick. E isso deve ficar claro até o fim de junho, escreveu - após a conclusão da cúpula do G-20 em Osaka, onde Trump e o presidente Xi Jinping terão oportunidade de colocar as coisas de volta aos trilhos.