Rumores questionam vínculo de bilionário e presidente da Ucrânia
(Bloomberg) -- De reformas pró-mercado a um alívio das tensões com a Rússia, os eleitores ucranianos estão recebendo as rápidas mudanças que pediram quando derrubaram o establishment político este ano.
Mas, em vez do presidente Volodymyr Zelenskiy, um bilionário outrora com má fama agora é o foco de rumores com o surgimento da nova era.
Igor Kolomoisky, um magnata da indústria e da mídia com uma fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão, usou seu império para impulsionar a antiga carreira de Zelenskiy como comediante de TV. Rumores circulam há algum tempo sobre os vínculos entre os dois.
Para começar, houve o retorno repentino de Kolomoisky do exílio autoimposto em Tel Aviv, três dias antes da posse de Zelenskiy em maio. O magnata havia entrado em conflito com o antecessor do atual presidente sobre a nacionalização de seu banco, entre outras coisas. Seu canal de TV apoiou Zelenskiy no período que antecedeu a eleição.
Desde então, mais críticas alimentam os boatos, embora seja difícil encontrar provas concretas de que Kolomoisky esteja influenciando a política.
Está em jogo o renascimento econômico da Ucrânia, que pode ser afetado se o bilionário conseguir recuperar o controle do Privatbank, o maior banco do país. Tal passo sugeriria que a oligarquia, um empecilho aos esforços anteriores de reformas, conseguiria manter seu vasto poder na nova Ucrânia.
Também ameaçaria a estabilidade financeira, segundo o banco central, e poderia interferir em um novo programa de empréstimos com o Fundo Monetário Internacional.
"Existe um consenso entre investidores de que o governo está fazendo muitas coisas boas", disse Ihor Mazepa, que controla a empresa de investimentos ucraniana Concorde Capital. "Mas qualquer decisão equivocada sobre o Privatbank anularia esse efeito positivo muito rapidamente."
Zelenskiy e Kolomoisky disseram repetidamente que não há nada de inconveniente em sua relação. Mas as nomeações do governo e medidas relacionadas ao Privatbank são motivo de preocupação.
O chefe de gabinete de Zelenskiy era advogado pessoal de Kolomoisky. E o ministro do Interior, Arsen Avakov, elogiado publicamente pelo magnata, está entre as duas únicas autoridades que mantiveram seus postos no novo governo.
O responsável pela estação de TV de Kolomoisky e três de seus jornalistas são legisladores do partido de Zelenskiy. Outro, Oleksandr Dubinsky, representa o parlamento em um comitê que escolhe membros independentes do conselho para bancos controlados pelo estado, como o Privatbank.
O banco central foi uma força motriz na estatização do Privatbank. Dubinsky quer que o parlamento investigue as ações do banco nos últimos anos. O banco se queixou de ameaças a funcionários atuais e ex-funcionários.
Nos últimos dias, os rumores aumentaram. Zelenskiy se encontrou com Kolomoisky em seu escritório pela primeira vez em 10 de setembro. No dia seguinte, a sede do Privatbank foi invadida pela polícia.
Kolomoisky disse posteriormente que não discutiu a situação do banco em sua reunião com Zelenskiy e não quer recuperá-lo "a qualquer custo". Mesmo assim, o magnata vê uma "boa janela de oportunidade" agora que as autoridades que conduziram a nacionalização não estão por perto.
Um tribunal ucraniano decidiu em abril que a aquisição foi ilegal em um processo com recurso pendente.
Alguns da equipe de Zelenskiy veem evidências da influência de Kolomoisky, enquanto outros minimizam os temores de que ele tenha vantagens indevidas.
"É notícia velha que eles tiveram uma relação de negócios no passado", disse Lenna Koszarny, sócia-fundadora e presidente da empresa de private equity Horizon Capital. "Agora, o presidente tem poder no país; ele deve ser capaz de suportar qualquer tipo de pressão de qualquer grupo empresarial - local ou estrangeiro."
--Com a colaboração de Kateryna Choursina.
Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
Repórteres da matéria original: Daryna Krasnolutska em Kiev, dkrasnolutsk@bloomberg.net;Volodymyr Verbyany em Kiev, vverbyany1@bloomberg.net
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