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Dois mercados emergentes estão preparados para recessão global

Anna Andrianova

27/09/2019 08h49

(Bloomberg) -- Se a guerra comercial acabar provocando uma recessão global, a Rússia e a Coreia do Sul poderiam ser os melhores lugares para se esconder nos mercados emergentes, segundo o Saxo Bank.

Ambos os países têm altas taxas de juros reais e superávits fiscais, o que dá aos governos amplo espaço para um ajuste diante de uma recessão, disse Christopher Dembik, chefe global de pesquisa macroeconômica do banco com sede em Paris. Tanto o rublo quanto o won poderiam mostrar um desempenho acima da média, disse.

"Todos os países emergentes têm espaço para fazer um esforço monetário ou fiscal, mas apenas a Rússia e a Coreia do Sul podem fazer as duas coisas", disse Dembik na quarta-feira, durante visita a Moscou.

Embora uma recessão global não seja o caso base do Saxo, Dembik diz que o impasse comercial entre EUA e China abre uma possibilidade que vale a pena avaliar. A Alemanha poderia entrar em recessão neste trimestre, e os primeiros indicadores mostram que há um risco crescente de que a expansão econômica da China ficará abaixo de 6% no próximo ano.

Christine Lagarde, prestes a assumir a presidência do Banco Central Europeu, acredita que a economia global pode evitar uma retração, mas diz que as tensões comerciais continuam sendo uma grande preocupação para o crescimento. O Fundo Monetário Internacional reduziu a estimativa para o ritmo de expansão global para 3,2% em julho, o menor desde a crise financeira.

Formuladores de políticas em Moscou acumulam reservas para reduzir a vulnerabilidade do país às oscilações dos preços globais do petróleo e à ameaça de novas sanções dos EUA. A inflação desacelerou este ano, dando amplo espaço ao banco central para reduzir lentamente os juros.

Já na Coreia do Sul, a inflação zerou em agosto, um recorde de baixa, impulsionando a taxa de juros real para o nível mais alto desde 2014. O aumento de impostos ajudou a rechear os cofres públicos nos últimos anos, segundo o FMI.

Ambos os países tiveram grandes influxos em seus mercados de títulos em moeda local este ano. A Coreia do Sul pode registrar o maior volume de compras de títulos desde 2007. Os títulos de dívida em rublos acumulam retorno de 23%, o nível mais alto dos mercados emergentes depois da Tailândia.

Certamente, a Coreia do Sul e a Rússia dependem muito das exportações, e a guerra comercial freia um crescimento já lento.

No outro extremo do espectro nos mercados emergentes estão países como África do Sul e Turquia, onde os formuladores de políticas não têm muito espaço de manobra se a economia global entrar em recessão, de acordo com Dembik.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net