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Instagram financia vídeos de famosos desde que evitem política

Lucas Shaw e Sarah Frier

11/11/2019 07h44

(Bloomberg) — O Instagram está disposto a bancar os custos de produção de vídeos de algumas celebridades, contanto que o conteúdo não seja sobre política ou eleições.

Os que recebem recursos do Instagram para produzir conteúdo para o IGTV, o aplicativo para vídeos mais longos, "não devem incluir conteúdo sobre questões sociais, eleições ou política", segundo um contrato distribuído pela empresa aos responsáveis por conteúdo e agentes. A Bloomberg News obteve uma cópia do documento.

A cláusula alarmou alguns dos influenciadores e produtores que foram abordados sobre a publicação de clipes no IGTV, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto, que não quis ser identificada.

É um forte contraste com a política do Facebook, que controla o Instagram e tem defendido vigorosamente o discurso político on-line. O Facebook tem sido alvo de fortes críticas por permitir que os políticos mintam em propagandas na rede social. O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, argumenta que a liberdade de expressão e o debate político são muito importantes para policiar propaganda política. O contrato do IGTV no Instagram entra em conflito com esse ethos ao restringir o discurso político alinhado com o pagamento.

"Nos últimos anos, compensamos pequenos custos de produção para produtores de vídeo em nossas plataformas e implementamos certas diretrizes", disse um porta-voz do Facebook. "Acreditamos que há uma diferença fundamental entre permitir conteúdo político" em nossa plataforma e financiá-lo.

A política é exclusiva do Instagram. No Facebook Watch, a empresa também lida com produtores de conteúdo, mas os parceiros incluem organizações de notícias que precisam falar sobre política.

O Facebook tem sido criticado por disseminar informações enganosas e falhar no combate à manipulação eleitoral em suas plataformas, desde que partidos estrangeiros usaram a rede social da empresa para interferir nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. Governos de todo o mundo pressionaram o Facebook para melhorar o monitoramento de notícias e anúncios políticos, enquanto ativistas de direitos civis disseram que Zuckerberg deveria intervir para suspender campanhas nas redes sociais da empresa que desincentivam eleitores a votar.

O Instagram recebeu muito menos escrutínio, mas a liderança da empresa ainda está preocupada com a forma como o aplicativo será usado antes das eleições de 2020. "Somos um alvo tão grande quanto o Facebook, se não um alvo maior", disse em outubro Adam Mosseri, responsável pelo Instagram.

O IGTV estreou em junho de 2018 como a resposta do Instagram ao YouTube, o site de vídeos mais popular do mundo. Embora a empresa tenha imaginado que poderia atrair muitos dos 1 bilhão de usuários do Instagram para este novo canal, a iniciativa ainda não deslanchou. Poucos usuários assistem ao IGTV e, meses após seu lançamento, muitas das contas mais populares do Instagram nunca postaram no serviço de vídeo.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Lucas Shaw em Los Angeles, lshaw31@bloomberg.net;Sarah Frier em San Francisco, sfrier1@bloomberg.net